A VIAGEM
A garoa fria desta manhã de domingo
não me impede de fazer uma das coisas
que mais gosto : caminhar.
Minha terapia, em que ponho as ideias
em ordem,
em que embarco no túnel do tempo,
ganho asas, voo para onde quiser.
Como viajar aos Emirados Árabes,
abraçar meu amado filho Angelo,
a quem não vejo pessoalmente
há dois anos e meio.
Voar até Maringá, onde meu outro
filho, Allan,
foi passar as férias com a namorada.
Posso ver minha mana Ivania, em Campinas,
na sua rotina solitária mas nem tanto,
entretida com seus dez dogs.
Me vejo diante da casa do meu ex-amor,
em São Vicente, e a tristeza me assalta,
infelizmente continuo não sendo bem-vindo lá.
De volta ao calçadão, passo em frente ao píer
onde joguei as cinzas de meu pai, há dez anos,
e meu coração se enche de ternura
ante a imagem de sua rosto sereno,
que volta-e-meia vejo em sonhos,
que saudades, meu velho !
Instantaneamente, imagino-o ao lado da minha mãe,
da minha irmã Ingrid, que tão precocemente se foi,
e me vêm uma visão
de todos meus entes queridos reunidos,
como antigamente.
Que é como idealizo o Paraíso.
Um lugar, um estágio, uma dimensão
em que aqueles breves momentos,
verdadeiramente felizes, que nesse plano
desfrutamos,
são eternos.
Viajo pouco eu, hein ?