segunda-feira, 2 de novembro de 2020


                              rompantes




Há defeitos que anulam qualquer

qualidade.

Irascibilidade e impulsividade, por exemplo.

Não adianta ser bom, honesto, bacana,

responsável,

se for pavio curto,

não ter autocontrole.


Falo de cátedra, perdi a conta de quantas

vezes me prejudiquei, pus tudo a perder, 

em função de rompantes, explosões impensadas.

Ainda hoje, minha grande luta continua

sendo contra mim mesmo.

Não sei se há  esperança para mim.


  



                

 




Finados.

A cada ano a lista de perdas

aumenta.

Até chegar a nossa vez.

Não é agradável pensar na morte,

mas em sendo inevitável,

em sendo irrevogável e sempre presente,

convém preparar o espírito.

Viver cada dia como se fosse o último.


Não sei se existe vida após a morte,

mas conforta pensar que sim,

que um dia poderemos reencontrar nossos

entes queridos.

Mas o mais provável é que 

tudo comece e acabe

por aqui mesmo.

Razão a mais para não só  cultivar a memória daqueles

que se foram, como valorizar os que ainda estão conosco. 

Saudades de vocês, meus amados !






                     

                             o horror tem a idade do mundo





O horror das guerras

O horror dos massacres indiscriminados

O horror dos campos de concentração

O horror da miséria, da fome

O horror das doenças

O horror das prisões

O horror dos hospícios

O horror dos hospitais

O horror dos asilos

O horror das torturas

O horror das drogas, dos vícios.

O horror das perdas estúpidas, 

dos atentados, da violência gratuita,

O horror do abandono, da solidão...

Ninguém está imune aos horrores

da vida.

São recorrentes, inevitáveis.

Um dia, sempre batem à nossa porta.

Do nada.

Ou de tudo.

O horror tem a idade do mundo.






 

domingo, 1 de novembro de 2020




"As pessoas estão exaustas, infelizes e frustradas,

as pessoas estão amargas e vingativas,

as pessoas estão iludidas e temerosas, as pessoas

estão enraivecidas e pouco imaginativas" (Charles Bukowski)

 

Eu não quero ser mais uma delas. 















 


 










          A VIAGEM 





A garoa fria desta manhã de domingo

não me impede de fazer uma das coisas

que mais gosto : caminhar.

Minha terapia, em que ponho as ideias

em ordem, 

em que embarco no túnel do tempo,

ganho asas, voo para onde quiser.

Como viajar aos Emirados Árabes, 

abraçar meu amado filho Angelo,

a quem não vejo pessoalmente 

há dois anos e meio.

Voar até  Maringá, onde meu outro

filho, Allan, 

foi passar as férias com a namorada.

Posso ver minha mana Ivania, em Campinas, 

na sua rotina solitária mas nem tanto,

entretida com seus dez dogs. 

Me vejo diante da casa do meu ex-amor, 

em São Vicente, e a tristeza me assalta,

infelizmente continuo não sendo bem-vindo lá.

De volta ao calçadão, passo em frente ao píer 

onde joguei as cinzas de meu pai, há dez anos, 

e meu coração se enche de ternura 

ante a imagem de sua rosto sereno,

que volta-e-meia vejo em sonhos, 

que saudades, meu velho !

Instantaneamente, imagino-o ao lado da minha mãe,

da minha irmã Ingrid, que tão precocemente se foi,

e me vêm uma visão

de todos meus entes queridos reunidos, 

como antigamente.

Que é como idealizo o Paraíso.

Um lugar, um estágio, uma dimensão

em que aqueles breves momentos,

verdadeiramente felizes, que nesse plano

desfrutamos,

são eternos.

Viajo pouco eu, hein ?




 

 










 



 







 


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