sexta-feira, 28 de julho de 2017



                       
                    A BARRA DA VIDA






O que de pior pode acontecer a uma pessoa ? Perder o amor de sua vida ? Perder um ente querido, a família ? Perder a saúde ? As posses materiais ? Sei lá. São tantas as variáveis que evitamos até pensar e especular a respeito.
O fato é que estamos sujeitos e vulneráveis a tantos infortúnios que ao invés das lamentações de praxe, deveríamos ser gratos por esses dias que tendemos a achar tediosos e banais. No fundo, verdadeiras dádivas, pelo simples fato de não termos sofrido nenhuma dessas perdas irreparáveis.
Eis, pois, a grande e intrincada equação que muitas vezes passamos a vida sem conseguir equacionar : saber valorizar as coisas mais simples e corriqueiras. É claro que não há nada de errado em desejar e se empenhar para usufruir de uma vida opulenta e glamorosa, bem ao contrário, não fosse a ambição e a humanidade talvez ainda estivesse na idade da pedra.
O problema é divisar e se amoldar as situações que se apresentam, de modo a extrair o que a vida tem de melhor. O que independe de valores e bem materiais, pois se assim fosse, apenas os abastados, belos e famosos seriam felizes, e não é isso que se vê. Aliás, o que não faltam são casos e exemplos dos malefícios causados pela dependência dos padrões comportamentais e materiais impostos pelo modernismo.
A mensagem é óbvia : dinheiro e beleza são muito apreciados e bem-vindos, mas não são tudo. Na verdade, podem até atrapalhar se não forem adequadamente administrados, encarados como complemento e uma espécie de cortesia dos deuses, do destino, e que por isso mesmo, podem cessar a qualquer momento. 
Já os valores interiores são perenes e irremovíveis, e os únicos que nos permitem enfrentar a barra da vida sem desmoronar. 




quinta-feira, 27 de julho de 2017



                   MEA CULPA


Ser sincero às vezes só complica a vida da gente. Digo isso por experiência própria, pelas tantas vezes que já decepcionei e magoei pessoas de minha estima por falar o que sinto e penso, impulsivamente, sem medir as consequências. Por me deixar levar por razões e motivações nem sempre razoáveis ou justificáveis, na medida que cada cabeça, uma sentença. Ignorar isso é pura idiotice.
Em minha defesa, o atenuante de ser um idiota bem intencionado, por assim dizer. Desagradável, inconveniente, radical, mas nunca leviano, sem motivos que não sejam calcados num aguçado, ouso crer, senso de justiça e auto-crítica. O problema é que ninguém, ou quase ninguém, gosta e aceita, numa boa, ser contrariado, criticado ou cutucado com vara curta. 
Sim, porque ainda tem isso : sou useiro e vezeiro em cutucar onça com vara curta. Em arrumar sarna pra me coçar. Em parte, por força do velho ofício de guerra, o jornalismo que tantas coisas me ensinou; mas sobretudo, por questão de temperamento mesmo.

Nunca fui de levar desaforo para casa e engolir injustiça calado. O problema é que a essa altura do campeonato, macaco velho que já deu o que tinha que dar, ao invés de sossegar o facho, como se diz na gíria, inventei de criar esse blog para ocupar (e esquentar) a cabeça. 
Blog que acabou se transformando num misto de inventário, confessionário, saco de pancadas, enfim, o fiel depositário da minha bagagem de vida. De lembranças, boas e más, resenhas, pensamentos e outras bobagens, como versos despretensiosos que nem ouso chamar de poesia. 
Nos quais, de qualquer forma, abro temerariamente meu coração para dar vazão a sentimentos passados e presentes, permeados de idiotices que soam a tragédia, quando não passam de pasmaceiras. 
Pois como já decretaram outros poetas mais graduados, amar é se ir morrendo pela vida afora...                
  


Assim como uma infinidade de músicas e livros antológicos, não é raro que grandes filmes não sejam devidamente apreciados e valorizados no circuíto das artes. Caso do excelente Repórteres de Guerra, baseado em fatos vivenciados por quatro jovens repórteres fotográficos que antecederam o fim do apartheid na Africa do Sul. Dois dos quais - Greg Marinovich e Kevin Carter - acabaram ganhando o prêmio Pulitzer, por fotos chocantes que chamaram a atenção do mundo para o cenário de violência e miséria extremas, solenemente ignorado pelo mundo dito civilizado - e que na verdade não mudou muito de lá para cá.

A foto de Kevin Carter, em particular, em que capta uma criança esquálida e curvada sendo observada por um abutre, continua mais atual do que nunca, pairando como um verdadeiro monumento à hipocrisia e desfaçatez humana.

Tanto ontem como hoje, a omissão e o desprezo tem estado presente por trás da milenar saga de discórdia, ódio e beligerância da humanidade. Mesmo num contexto de virtual interação e integração global, proporcionado pela vertiginosa expansão dos meios de comunicação, o descaso e a hipocrisia continuam sendo a tônica nas relações entre os povos. E não só no que diz respeito aos povos mais primitivos e atrasados - mesmo nos países mais avançados as cisões internas continuam se acentuando. 

Inexoravelmente, ao que parece. Ao menos enquanto nos limitarmos a tão somente assistir passivamente os infortúnios e desgraças alheias. Muitas das quais se desenrolam diante de nossos olhos. De nada adiante apenas a solidariedade e compaixão silenciosa, ou apertar a tecla de curtir e compartilhar. 

Mais ou menos como fez Kevin ao dar como missão cumprida o simples registro da estarrecedora cena que lhe deu fama. E o drama de consciência que o levou ao suicídio.

terça-feira, 25 de julho de 2017











A GRANDE LUTA


Discute-se daqui e dali mas poucos se dão conta que a grande luta que se trava hoje no país não é ideológica, de coxinhas versus mortadelas, o cavalinho do Corinthians contra os demais pangarés. Por tudo que aconteceu nas últimas décadas e fez o país retroceder à época sombria que precedeu o golpe militar de 64 - ou talvez pior ainda -,o grande repto que se apresenta ao povo brasileiro é exatamente não perder a fé no Brasil.
Vejo meu filho de 10 anos muito mais esperto e antenado do que eu fui nessa mesma idade - o que não sei se chega a ser uma vantagem -, cheio de curiosidade e perguntas sobre as coisas que ouve e, compreensivelmente, não entende. Sobretudo, sobre as intermináveis arengas políticas expostas à exaustão na televisão e redes sociais, em que políticos, ex-presidentes e o atual presidente aparecem como protagonistas das mais variadas maracutaias e falcatruas. Cujos detalhes minuciosa e recorrentemente expostos na mídia, obviamente chamam a atenção dessa molecada precoce e on line - se bobear, 24 horas por dia. 
Molecada que está crescendo nesse ambiente deletério e insalubre em todos os sentidos, visto que a degradação político-governamental é apenas a ponta do colossal iceberg do descalabro social que toma conta do país. Um país que perdeu os referenciais mais básicos de civilidade e cidadania, mercê da mentalidade delituosa que se enfronhou na sociedade a partir da própria degeneração dos poderes constituídos, solapando a população de seus direitos mais básicos, como educação, segurança, saúde, pilares de qualquer país civilizado.
Olho para meu filho. como disse, nessa idade maravilhosa, na transição entre infância e juventude, e peço a Deus para que me dê a sabedoria necessária para, mais do que educá-lo, poder orientá-lo de modo a enfrentar adequadamente essa dura realidade. Sem perder o rumo, sem se deixar prostituir em meio a tantos exemplos negativos, e sobretudo, sem menosprezar coisas simples mas básicas como os valores e tradições familiares, que são aquelas que verdadeiramente nos preparam e nos permitem sobreviver a tudo na árdua estrada da vida.
Esta é, pois, a grande luta das pessoas de bem que ainda resistem a derrocada e a virtual submissão do país às forças do mal, ou seja, impedir que essa mentalidade delituosa contamine nossos filhos, e nos faça perder definitivamente a fé nos valores pautados na justiça e honestidade.


segunda-feira, 24 de julho de 2017



                     
                             REMÉDIO AMARGO





A analogia não é nova, nem original, mas é a que melhor continua retratando a realidade no país : a de um doente em estágio terminal, respirando por aparelhos.
A coisa está tão feia e sem perspectivas que a população virou refém da criminalidade generalizada que se espalha a partir da própria degradação dos poderes constituídos. A sensação reinante é de crescente insegurança e desamparo, em função da ação recorrente e cada vez mais desinibida da bandidagem, em todos os níveis e setores da sociedade.  
Um verdadeiro círculo vicioso, inspirado nos altos escalões governamentais e administrativos, virtuais saqueadores dos cofres públicos e sabotadores da justiça e da legalidade, e que culmina no estado de conflagração que toma conta do país. Seja na verdadeira guerrilha urbana que grassa sobretudo na outrora Cidade Maravilhosa, como na própria expressão máxima de nossa cultura, o futebol. 
Cujos espetáculos dantescos semanalmente protagonizados por bandidos transvestidos de torcedores apenas corroboram a total inépcia do Estado para gerir a coisa pública e garantir um mínimo de proteção à população.
Situação esta que torna inevitável - e de certa forma justificável - conjecturar que, com as coisas indo de mal a pior, só mesmo um tratamento de choque para por ordem nessa esbórnia. Ou seja, uma grande mobilização popular, no estilo do movimento que sacudiu o país há quatro anos, ou uma intervenção militar.
Anseio que de resto, a cada dia ganha mais adeptos em nossa massacrada sociedade, não obstante escandalize certos setores pretensamente vanguardistas e alinhados à esquerda corrupta que detonou o país. 
Um remédio amargo, com certeza, mas infelizmente o único que parece capaz de fazer efeito diante do descalabro que toma conta do país. Um país em que a marginalidade de agiganta a cada dia, na proporção do aprofundamento da crise, sem falar no péssimo exemplo que vem de cima. E em não havendo empregos suficientes e remuneração minimamente condizente, é mais simples e lucrativo traficar e roubar. Simples assim.
Onde isso vai parar, só Deus sabe. Ou talvez nem Ele, que diziam ser brasileiro, mas que diante da pusilanimidade reinante - basta ver os nomes que se apresentam para as eleições presidenciais do próximo ano (Lula, Marina, Ciro, Bolsonaro, etc) -, parece ter deixado tudo por conta do capeta mesmo.   



                 DE SACO CHEIO



Desconfio de pessoas que dizem não se arrepender de nada, 
mesmo porque, se errar é humano, 
não reconhecer as cagadas é pior ainda. 
Desconfio de pessoas cheias de razão, 
que se arvoram de donas da verdade, que não admitem 
e omitem suas falhas, nem pedem desculpas.
Desconfio de quem quer se passar por quem não é. 
Que posa de integra, liberal, descolada, 
quando no fundo tudo é de fachada, fake.
Desconfio de quem fala demais, promete demais, 
de gente espaçosa. 
Desconfio de apertos de mão flácidos, de quem não te olha
 nos olhos, que gosta de falar mal dos outros. 
Que se acha a palmatória do mundo, mesmo não sendo flor 
que se cheire.
Desconfio de anúncios que prometem milagres 
como o fim das rugas, da barriga, 
ereções espetaculares, 
em suma, de coisas para as quais não há santo que dê jeito.
Desconfio, enfim, de tudo e de todos, até que me provem 
o contrário, mas não da boca para fora. 
Tem que matar a cobra e mostrar o pau, para variar. 
Estou se saco cheio de papo furado, de conversa mole, propaganda enganosa. 
E sobretudo, de bancar o otário.


sábado, 22 de julho de 2017


                         SEM FUTURO







Cada vez mais brasileiros deixam o país em busca de uma vida melhor no exterior. E não só jovens, estudantes e aventureiros, mas famílias e até aposentados fazem as malas para se fixar em outras plagas, longe da instabilidade, da violência e, sobretudo, da falta de perspectivas que paira por aqui. 

Até mesmo o Paraguai, quem diria, vem atraindo cada vez mais gente, em razão de seu invejável crescimento econômico - em torno de 7% ao ano, a maior das Américas - e baixa criminalidade, embora continue sendo um corredor por onde ingressam, à tripa forra, drogas, armamentos e o contrabando que desgraçam nosso país. O que se constitui apenas em um dos inúmeros e graves problemas que acabam com as esperanças de recuperação e reversão de expectativas.
Sobretudo, a podridão e sordidez da classe política, um produto Made in Brazil por excelência sob cujo jugo estamos condenados a padecer indefinidamente. Ao menos enquanto a população não tiver maturidade e juízo para exercer adequadamente o seu papel em nossa conspurcada democracia. Um papel que não se esgota na simples escolha de seus representantes, ainda que este seja o pecado mais grave - a rigor, foi o povo que elegeu a bandidagem que aí está -, mas em uma maior participação e engajamento nas causas e demandas de interesse geral.
Como acreditar no futuro de um país que assiste bovinamente as tramoias e tungas protagonizadas por governantes e políticos responsáveis pela verdadeira cleptocracia reinante, sem que haja uma reação à altura, e o que é ainda pior, tolerados como uma espécie de mal necessário ? Não bastasse a virtual blindagem que essa camarilha desfruta, protegida pela banda podre do próprio STF, há que se engolir o apoio que certa parte da sociedade continua dedicando ao partido mais corrupto da história, e em particular, ao encantador de serpentes em vias de ser o primeiro ex-presidente do país a ir em cana.
Ainda mais depois da revelação da "poupança" de 9 milhões em títulos de previdência privada, bloqueados por ordem judicial expedida pelo juiz Moro. Oriundos, como ninguém ignora, dos obscenos cachês pagos por suas palestras com o dinheiro sujo do propinoduto da Odebrecht, e que para todos os efeitos, confirma que suas juras de inocência não passam de outro conto do vigário. No qual só os trouxas e imbecis acreditam.

Papel, por sinal, semelhante ao exercido pelo restante da sociedade diante da submissão às falcatruas e artimanhas de outro notório meliante et caterva,  que não hesitam em fazer concessões e sacrificar as próprias reformas e metas prometidas, para a compra do apoio necessário para se manter no cargo. Custo obviamente repassado e arcado pela sociedade, com essa majoração nos preços dos combustíveis quer fatalmente incidirá em nova alta no custo de vida.
Por esta e outras é compreensível que haja cada vez mais gente buscando outros ares. Não necessariamente por gosto, mas por necessidade. Por sobrevivência. Por um futuro que por aqui já não se consegue vislumbrar. Um futuro sonegado por governantes e políticos cuja índole torpe não nos permite sequer ter esperanças em dias melhores.
O Brasil que já foi visto como o país do futuro, hoje é um país sem futuro. 














  

quarta-feira, 19 de julho de 2017

                               VERGONHOSO E ULTRAJANTE



Admiro os que conseguem levar tudo numa boa, sem perder as estribeiras, civilizadamente, mas, por outro lado, me pergunto se não é por causa dessa famosa leniência, subserviência e cumplicidade com o tal status quo delituoso escancarado pela operação Lava-Jato, que as coisas não atam nem desatam, e indo de mal a pior em nosso sofrido país.

Crescemos num ambiente sabidamente machista, de desigualdade, truculência e discriminatório no âmbito social, com o agravante de permeado pela conivência, passividade e conformismo em relação aos direitos civis e constitucionais. Mais especificamente, em relação aos delitos e ilicitudes praticados por agentes públicos eleitos e nomeados para lidar e zelar pela coisa pública.

Funções que costumam ser não só desvirtuadas como criminosamente burladas, sem que a sociedade se manifeste e se imponha com a devida veemência e contundência. E não só em relação aos casos mais escabrosos, e cuja recorrência chega a dar náuseas,  mesmo transgressões mais simples e corriqueiras, no exercício da cidadania, são comumente engolidas e digeridas sem maiores consequências para os responsáveis. Panorama que às duras penas a PF, o MPF e sobretudo, a chamada República de Curitiba, vem tentando mudar.  

É nesse chove-e-não-molha que nos encontramos, esperando por duas melhores que nunca chegam, ou chegam com muito vagar, posto que Moro é um só, e o bombardeio a Lava-Jato é forte e intermitente. Ungidos e protegidos por leis de exceção, os parasitas e rufiões continuam a desafiar o senso comum, e simples manifestações de apoio e incentivo nas redes sociais não são suficientes para reverter esse quadro.

Urge, pois, que a sociedade acorde e reaja à altura a esbórnia em que o país se encontra, na qual o descalabro que se abate sobre o Rio de Janeiro é o exemplo mais vergonhoso e ultrajante. Nesse sentido, não deixa de ser emblemático que o mais famoso cartão postal do país tenha se transformado no símbolo da rapinagem e da degradação político-governamental que proliferou sob a égide petista.  

Partido que teima em desafiar a sociedade com seu discurso peçonhento e nauseabundo, em que o tom beligerante volta a ser a tônica e a desesperada cartada de Lula e seus asseclas para retomar o poder. Perspectiva tão absurda e tenebrosa que equivale a oficializar a roubalheira e bandidagem como lema do país.

                                
                              MEU AVESSO




Longe de ser perfeito 
Pareço ainda mais imperfeito
Agora que me vês do avesso.
Agora que os defeitos insuspeitos
Parecem mais graves e intoleráveis
Longe de ser perfeito
Já não disponho dos velhos trunfos
Do encantamento do passado 
Potencializados pela paixão.

Agora que me vês tal qual eu sou 
Ou crês que eu seja
Despido de encantos e virtudes 
Desprovido de charme e apelos
E já não podendo me reinventar
Desacreditado como estou
Tudo que me resta é esperar que entendas
E me estendas a mão
Para recomeçar.
Para reconstruir o que o tempo vem dilapidando
Lenta e inexoravelmente.
Se já não for tarde demais...








                                O FILHO PRÓDIGO





Não se apegue a quem tem coração de pedra.
Não se prenda a quem te renega.
Não sofra por quem não merece.
Não chore por quem te ignora.
Não se doa por quem não te dá valor.
Não perca tempo com quem não vale a pena.
Não acredite em quem não inspira confiança.
Não ponha fé em quem te apunhala pelas costas.
Que só te faz sofrer.
Não perca mais tempo em esperar
que o bom filho a casa torne,
se bons filhos não tens.
Muito menos pródigos.



terça-feira, 18 de julho de 2017

                       


                   
                       FOGO FÁTUO 





Primeiro é o arrebatamento
Depois a admiração
Que se vão pelo ralo
E em cujas águas a paixão se dilui
O amor se afoga
E o tesão que é bom, arrefece
E tudo esmaece, como fogo fátuo
Só restando, quando muito
Amizade e companheirismo
Sem o quê nem o respeito sobrevive.

Como um navio que deixa o porto
E desaparece lentamente no horizonte
Assim é o amor... 



domingo, 16 de julho de 2017


         CARTA ABERTA A UM CRÁPULA


Prezado sr Luis Inácio Lula da Silva :

Que o sr não tem a menor vergonha na cara, o país inteiro está cansado de saber. Que o sr não tem qualquer escrúpulo e não passa de um farsante, mentiroso e vigarista de marca maior, idem, idem.
Daí a pergunta que ouso lhe fazer ? Já não basta de empulhação, de posar de vítima depois de tudo que já veio à público, depois do que seu partido repleto de ladrões causou ao país ?
Já não chega de iludir os pobres com esse discursinho demagógico e oportunista, que só serve para acobertar a ganância e a sede de poder que sempre o motivou ?
Já não basta de prometer o que não pode cumprir, de incitar sua malta de seguidores a tumultuar e impedir a volta do país à normalidade? O que passa pelas reformas que seu nefasto partido tenta, de todas as formas, sabotar e impedir. Tudo porque, se encetadas e bem sucedidas, sepultarão de vez as pretensões e planos de retomar o poder.
Seria pedir muito que mostre um mínimo de dignidade e decência, se é que um dias as teve, e pare de prejudicar ainda mais o país que o senhor e seu infame partido saquearam tão sequiosa e vergonhosamente ?
Mesmo porque, se não o fizer de livre e espontânea vontade, seus dias de liberdade estão irremediavelmente contados, pois em que pese a esperada resistência e campanha difamatória contra Moro e a heroica Lava-Jato, a trinca de juízes do TRJ 4 já deu demonstrações cabais de comungar da mesma linha dura aclamada como um verdadeiro divisor de águas no desacreditado Judiciário brasileiro.

Melhor seria, portanto, que ao invés de continuar botando lenha na fogueira, fizesse justamente o contrário, ou seja, evitar bravatas e provocações que só encontram eco em sua doutrinada claque. 
Mais sábio ainda, aliás, seria tentar negociar algum tipo de acordo no sentido de amenizar sua pena e o vexame de ser o primeiro ex-presidente de nossa republiqueta a ir para o xilindró.
Pense nisso, e não seja burro de continuar achando que sairá impune depois de tudo que aprontou.

PT saudações

Ivan Berger




quarta-feira, 12 de julho de 2017





Só há uma burrice maior do que achar que entende as mulheres. 
Achar que é mais esperto do que elas.



sábado, 8 de julho de 2017




                  
                            à deriva




As lembranças são para mim como aves de arribação,
que de repente voam para bem longe.
Sei que estão lá, em paisagens que o tempo
recobre de melancolia.
Intactas, pairam como um mundo a parte que transcende 
o esquecimento e arrefece os sentimentos.

Do alto de meu voluntário desterro, tremula 
minha puída bandeira de apátrida.
Não sei o que me espera, não sei o que esperar
agora que meu barco zarpou,
deixando uma vida inteira para trás.
Nada levo na bagagem, a não ser o peso dos meus atos
e a certeza de que, bem ou mal,
fiz o que deveria ter feito.
Há muito tempo.

SET/  2000 
   


  

   




 




sexta-feira, 7 de julho de 2017



                              QUE GRAÇA TEM ?




O que seria da flor sem o labor da abelha 
e do beija-flor ?
Da rosa sem o frescor do orvalho ?
Da floresta sem a majestade da sequoia, 
do cedro, do carvalho ?

O que seria da alvorada sem o trinar da passarada ?
Do rio, sem a piracema, botos cor de rosa ?
Do mar, sem a lua e o vento, a reger o fluxo das marés ? 
Do céu, sem o pano de fundo azul anil ?
Da natureza, sem a flora e a fauna exuberantes ? 
E do homem, o que seria, sem tudo isso 
para usufruir e... destruir. 

De que vale a mão que não afaga ?
Do abraço que não aconchega ?
Do amor que não se doa ?
Dos laços afetivos que não unem ?  

Que graça tem a vida sem pirraças e trapalhadas ?
Sem chegadas e partidas ?
Perdas e recomeços ?

Qual a graça do domingo sem futebol, 
da praia sem sol, sol sem arrebol ?
De criança sem brinquedo,
na adolescência sem paixonites agudas e cagadas
homéricas, que graça há ?


Que graça teria Londres sem fog, a realeza 
e o Big Ben ?
Paris sem a torre Heifel, o Louvre, os canais do Sena ?
O Rio sem o Corcovado, o Cristo Redentor, o Maracanã ?
O Egito sem as pirâmides ?
O Kilimanjaro sem neve, o Saara sem areia ?
O mundo sem coros de pássaros, buquês de nuvens,
bordéis e igrejas ?

Que graça tem a vida sem emoções ?
O amor sem tesão ?
O mundo sem vilões ?
Eu sem você...






  























terça-feira, 4 de julho de 2017



                    MACACOS ME MORDAM




Pensando na morte da bezerra, em madrugadas insones nas quais toda sorte de elucubrações assaltam a mente, sutis como macacos em loja de cristais, por mais que tente racionalizar e me policiar, não tem jeito : as coisas sempre parecem mais sombrias, os questionamentos implacáveis, as preocupações mais fundas.

Menos mal, penso eu, que me atormentem mais os desafios futuros do que as águas passadas. Por exemplo, se vou ter capacidade, condições e saúde para tocar a vida e concretizar os projetos pendentes. 
Não que tenha deletado as coisas passadas, longe disso, não canso de dizer que encaro as lembranças como meu bem mais precioso, graças a memória seletiva que me permite manter a saúde mental em dia.    
No mais, me considero um cara sortudo por ter contado com o suporte da família para segurar a barra nas horas difíceis, nos malogros e maluquices que pavimentaram minha inglória jornada nas quebradas desse mundaréu, como dizia nosso esquecido e subestimado Plínio Marcos. 
Uma família que, a contragosto e para meu desgosto, na prática se reduziu drasticamente no decurso dos anos.

Mas não me queixo. Mesmo o que não logrei obter no sentido material, foi largamente compensado pelas dádivas que ainda hoje usufruo. Escorado na doce ilusão de que nem tudo na vida é finito, me consola o fato de que as coisas que sempre me foram tão caras, mesmo reduzidas a mera sombra do que foram, continuam a ocupar lugar cativo em meu coração. Com a salutar diferença de já não serem condicionantes e obsessivas como antes. 

Já meus filhos, que ironia ! Criei-os com tanta amor e desvelo, e provavelmente se tornaram tão melhores do que eu, que fiquei muito aquém de seus elevados padrões e expectativas. 
Macacos me mordam...  






 

   



   



segunda-feira, 3 de julho de 2017



                          MEL E FEL





Amar sem ser correspondido, que tragédia !
Dar sem nada receber em troca, que sacanagem !
Confiar, ser correto, honesto, que otário...

Sou um pária nesse mundo cão.
Não tenho medo de bandido, nem de cara feia.
Não me surpreendo com falsetas e crocodilagens,
de resto modus vivendi hoje em dia.
Quem não tem estômago que não se estabeleça.
Aliás, nem saia de casa.
Sou casca de ferida, unha de cavalo.
Não levo desaforo para casa.
Não faço questão de agradar ou posar de bonzinho.
Sou o que sou.
Um fodido nesse mundo cão.

Só tenho medo de mim mesmo.
Dos gestos intempestivos e trensloucados.
Do fogo nas vestes
que inexplicavelmente às vezes ponho.
Do mel e fel que adoçam e amargam meus dias
me levando do céu ao inferno
quando me aconchego em teus braços
e te apunhalo pelas costas...

(ESCRITOS DE ALCOVA, MEADOS DE UM ANO QUALQUER)

sábado, 1 de julho de 2017




                        FANTOCHES TOGADOS




De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo. O conhecido axioma da impagável cartilha de Murfhy parece ter sido inspirado no Brasil. E mais especificamente, nos três poderes constituídos que governam e regem os destinos do país. Digo governam e regem como força de expressão, pois a realidade é que se há algo que essa casta de ratazanas encastelada no poder está longe de fazer, é governar e reger. 
Há anos, quiçá décadas, que a principal ocupação na capital mundial da corrupção e promiscuidade tem sido, engendrar e escamotear os mais variados esquemas de rapinagem lesa-pátria que se possa imaginar. Governar e reger só na base do faz de conta.

Os poucos imbuídos de bons propósitos acabam sendo levados de roldão pela maioria de cleptomaníacos que se perpetuam e se locupletam no poder. Um círculo vicioso que se mantém graças, em parte, a leniência de leis elaboradas em causa própria, mas, sobretudo, pela boa fé, para não dizer ignorância, de parte substancial da população. Que mesmo ludibriada e saqueada, segue defendendo e idolatrando os responsáveis pela sangria desatada que inviabiliza e envergonha o país. 

Sim, pois se protestar contra um governo ilegítimo e igualmente corrupto faz todo o sentido, fazer disso um pretexto para desagravar, ou pior ainda, clamar pela volta de Lula e da praga do petismo, é uma dessas aberrações que sepultam qualquer crença e esperança num possível amadurecimento do país.

Ainda mais que a parte sadia da sociedade, por assim dizer, se limita a assistir passivamente a resiliência com que as forças do mal aos poucos começam a minar as duras, sofridas e heroicas conquistas da Lava-Jato do paladino juiz Sérgio Moro.

Mais do que chocante, é revoltante constatar a diferença de postura de magistrados que em tese, deveriam servir ao mesmo propósito de fazer justiça. Mas não a justiça marota das deliberações claramente dúbias e cavilosas, disfarçadas na retórica empolada e confusa que nos habituamos ouvir, notadamente dos notórios Gilmar Mendes e Marco Aurélio Melo. Juízes execrados pela opinião pública pelo retrospecto de decisões questionáveis, quando não no aspecto legal, no âmbito da decência e moralidade.

Que chegam a causar asco pelo descaso para com o chamado clamor popular. Voz que a própria presidente da Suprema Corte, Cármen Lúcia, exortou, em meio às últimas burlescas sessões, que não fosse ignorada pela casa que preside. Mas para o qual os notórios chicaneiros Marco Aurélio, Mendes e o próprio Fachin - que autorizou o homem da mala Loures a trocar o xadrez pelo conforto da prisão domiciliar  -, demonstram estar pouco cagando.

Personagens, enfim, que diferentemente do paranaense Moro, passam para a história como verdadeiros fantoches transvestidos de juízes.        

Postagem em destaque

                               de segunda a segunda A vida se mascara e se revela perto e longe de tudo.   Andamos à esmo buscando saídas do...