terça-feira, 31 de dezembro de 2019







Não é porque meus pais se foram, meus dois filhos mais velhos se ausentaram, minha família derreteu, que vou deixar de curtir e valorizar os festejos de final de ano. 
Não só por conta das lembranças gratificantes do passado, mas pelo próprio clima de congraçamento, que temporário ou não, nos torna um pouco mais humanos. 
Dito isto, grato pela companhia e meus votos de um feliz ano novo para todos. Que 2020 seja espetacular, nada menos que isso.









segunda-feira, 30 de dezembro de 2019






Não se aborreça, não se sinta preterido, 
só porque


...para elas, fazer as unhas, arrumar o cabelo, costuma estar em primeiríssimo plano.

...diferentemente dos homens, sexo, para elas, não é prioridade.

...enquanto a mulher se satisfaz em se sentir desejada, o homem só se satisfaz possuindo. Mesmo não compensando.

...enquanto o prazer da mulher é provocar, o do homem é (sub)meter.

...só há uma tolice maior do que achar que entende as mulheres. É se achar mais esperto que elas.

...a mulher dos sonhos só existe em sonhos. 
E eventualmente, em pesadelos. 



















                               despautérios







Do quê reclamas, afinal ?
De ser mal-nascido ?
Pobre, feio, enjeitado ?
Ah, vida desgraçada !
Bem poucos conseguem fazer
do limão, limonada.
Mas já você...
Ora, deixe de fazer drama.
Imprevidente, imprudente,
despautérios espraias pelo átrio. 
Novas notas, recorrentes desatinos.
Do quê reclamas ?
Segura tua cruz, irmão. 
Branco, preto, mulato, rico, pobre
ou feio,
não importa.
É a índole que faz a diferença.
Pensa, simplesmente,
em ser como o riacho que serve à mata,
sem reclamar.



sábado, 28 de dezembro de 2019




        nadei e morri na praia







Lamento por mim, é claro, 
por mais essa perda irreparável.
Única, como és, cujas virtudes,
cujo íntimo - não ouse negar ! - conheço 
como ninguém.

Sim, me conforta pensar que o que tivemos 
foi especial.
Acredite, vi o que você tem de melhor.
Vi o teu intimo, gozei de tua mais funda intimidade.
O jeito que gozas, o que te faz gozar...
Conheci teus segredos, não todos, é claro,
mas aqueles que você só revelaria 
para alguém especial. 
Em momentos especiais, trégua no massacre da vida.

No entanto, passado esses momentos, 
que diria, divinos,
eis que a realidade nua e crua
a tudo sobrepuja.
Não fui capaz de quebrar tua resistência,
as desconfianças,
mesmo eu querendo,
mesmo estando disposto a tudo.

Nadei, nadei, e morri na praia.
Pena.
Lamento, como já disse.
Mas lamento também por ti.
Pois ao cabo de tudo,
talvez não saibas,
talvez não queiras saber,
renuncias a alguém
que não hesitaria em renunciar 
as próprias crenças
para te fazer feliz.








    




  

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019





          quando a ficha demora a cair



Quando a namorada diz que não pode ir te ver 
porque precisa fazer as unhas.


Quando ela mente na cara dura e ainda fica brava 
quando você questiona.



Quando ela diz que não é interesseira, 
mas condiciona tudo ao dinheiro.


Quando ela diz que já é ninfomaníaca, 
mas com você, só na base da barganha.


Quando ela te bloqueia nas redes sociais,
alegando que você é muito ciumento.


Quando ela te evita na cama 
mas continua tomando anti-concepcional.


Quando ela evita fazer sexo com você 
e fica te bisbilhotando para ver como se comporta.


Quando ela diz que te ama 
mas de repente põe defeito em tudo.


Quando ela diz que seu pau está com um gosto estranho,
para cortar o clima e deixá-lo desconfortável. 


Quando os apelidos carinhosos são deixados de lado,
os sorrisos escasseiam, qualquer coisa é motivo
para discussão ou longos silêncios,
provavelmente a ficha já caiu 
e você nem se deu conta. 












A ceia de Natal com meu filho Breno.






                                       
E a surpresa de quem achava que o papai noel tinha esquecido do presente...

terça-feira, 24 de dezembro de 2019





                                   demanda





Quem ama, cuida.
Não se descuida.
Faz o possível para suprir.
Não mede esforços,
se preocupa.
Quer ficar junto.

Não se iluda,
qualquer outra coisa
pode ser tudo,
menos amor.









domingo, 22 de dezembro de 2019




             DESDITA





Não sei se não era melhor antes, 
de quando dos sortilégios do amor padecia.
De quando vivia noite e dia à pensar,
sentia tua falta nas mínimas coisas.
De quando o coração mal dava conta
de tanto sentir,
e só com esses toscos versos se aquietava.

Agora que numa fria indiferença
passo meus dias,
sinto falta, 
não do amor irremediavelmente perdido,
mas do turbilhão de coisas que sentia.
Mesmo as incompreensões, que ainda reinam, sórdidas.

Hoje os sentimentos, filhos do tempo, se esgotam 
na realidade insípida
de quem apenas sobrevoa o mar revolto dos desejos.
Amargando a desdita de não mais amar.






                            o muro 






Onde havia um campinho de futebol,
um córrego que foi aterrado,
hoje há mais um espigão espetado.
Já não há crianças brincando na rua.
Só prédios e carros dominam a paisagem.
Às vezes um gato, e até pássaros 
são atropelados.

Nas ruas, nos semáforos, homens, 
crianças, 
pedem uma ajuda.
São tantos que não há ajuda
que chegue.
Muitos dormem ao relento, nos bancos
das praças, 
ninguém quer saber de suas desgraças.
Ninguém quer suas histórias despejadas sobre
os ombros.

Como se houvera um muro invisível entre nós,
o novo mundo amplia as diferenças.
As cidades, imensos guetos, no fim de tudo, 
sepultam as crenças universais em Deus.





terça-feira, 17 de dezembro de 2019




                         FOGO AMIGO







Feche os olhos, se não quiser ver.
Ignore, se não quiser se aborrecer.
Não responda, se não quiser discutir à toa.
Creia, há situações que o melhor é deixar pra lá,
se omitir.
As pessoas são complicadas,
difíceis de entender.
Mesmo as mais chegadas, são um poço de mistério.
Do nada, às vezes, se revelam.
Coisas absurdas, inimagináveis, vêm à tona.
De quem menos se espera.

Ah, entes queridos,
os que mais exigem,
e o que mais nos ferem.








segunda-feira, 16 de dezembro de 2019





           sonho de uma noite de verão






A vida não é um desperdício.
A menos que deixemos.
A menos que o destino seja trágico.
Às vezes é preciso dar marcha-ré
para ajustar as coisas.
Recolocar nos eixos.
Mas nunca será um desperdício.
É só dar tempo ao tempo.
Como se sabe,
tudo são átomos, moléculas,
nada se perde, tudo de transforma.
Mesmo quando eventualmente por baixo,
despojados do que tivemos, 
descartados sem mais nem menos,
não é o fim do mundo.
Ao contrário,
pode ser o recomeço,
a chance de sair da inércia,
se livrar de sentimentos nocivos,
de pessoas falsas, 
que nunca foram verdadeiras,
cuja convivência só não foi um desperdício
porque, às vezes,
mesmo uma ilusão vale a pena.
O tal sonho de uma noite de verão
que faz parte de nosso imaginário.




sábado, 14 de dezembro de 2019



                     memória seletiva








O pior é que a gente
esquece facilmente as coisas boas,
e permite que as ruins se perpetuem.
Memória seletiva é para poucos privilegiados,
que conseguem manter vivas as boas lembranças.
As graças,
as bençãos recebidas.
O que faz toda a diferença, os tornam especiais.
Ao contrário dos que se afundam em mágoas 
e ressentimentos,
se apequenam, não raro adoecem, 
vítimas do próprio veneno que acumulam.

Nada sobrevive a autofagia implacável do tempo.
Cabe apenas amenizar, 
minimar as perdas e decepções,
mediante a preservação dos bons sentimentos.
Admiráveis, as pessoas que sabem conviver 
em harmonia com os outros. 
Invejáveis, as que conseguem manter a integridade 
e a empatia 
em meio a tantas causas perdidas.






Tudo tem o seu tempo determinado,
e há tempo para todo o propósito
debaixo do céu. 
Há tempo de nascer e tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de colher;
tempo de matar e tempo de curar;
tempo de derrubar e tempo de edificar; tempo de rir
e tempo de chorar; tempo de dançar e tempo de pesar.
Tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar
pedras; 
tempo de abraçar e tempo de abster-se;
tempo de buscar e tempo de perder; 
tempo de guardar e tempo de jogar fora;
tempo de rasgar e tempo de coser;
tempo de ficar calado e tempo de falar; 
tempo de amar e tempo de odiar;
tempo de guerra e tempo de paz.

(Eclesiastes 3:1-8)


















quinta-feira, 12 de dezembro de 2019





                              homens x mulheres






Em linhas gerais 

homem prioriza o respeito, cama. 
A mulher quer segurança, atenção.

O homem trai mesmo quando ama. 
A mulher trai quando não ama mais. 

O que o homem faz por emoção, a mulher faz com a razão. 


Quando o homem precisa se humilhar diante de uma mulher, 
é porque já era.    

O homem domina a arte da conquista. A mulher, da sedução.

O homem mente e a mulher finge que acredita, e vice-versa. Eis o arranjo perfeito.

A honestidade é mais admirada nas mulheres do que nos homens. Nelas, é sinônimo de seriedade. 
Neles, um atestado de burrice.

O maior inimigo da mulher é o espelho. Do homem, ele próprio.   
























                                  BOMBA RELÓGIO







Falta de diálogo,
rotina,
infidelidade :
os grandes vilões do casamento
ganharam um poderoso aliado, 
o smartphone.

Letal, não o subestime.
Proteja sua relação,
não dê sopa para o azar.
Exclua o histórico.
Ponha senha.
Desligue o sacana quando chegar em casa.
Desative a bomba relógio antes que seja tarde.





quarta-feira, 11 de dezembro de 2019






                        CORAGEM






Nada almejo (que não seja factível).
Nada quero (que não seja crível).
Nada espero (que não seja possível).
Coragem é tudo o que importa.
O que faz a diferença.
Coragem para encarar a vida de frente.
Coragem para superar os reveses.
Afora isso, nada que poderia nos salvar
nos salva.
Sob a tutela de improváveis divindades,
degradar a si mesmo, não ter escrúpulos 
morais, é o que nos desafia.

Os crédulos e fracos invocam a Deus.
Eu invoco a mim mesmo. 
Num rito anterior 
a tudo que tenho vivido,
tudo o que há dentro de mim
tende a voltar ao que era.
Uma sensação abstrata me domina.
Cansaço de tudo. Agora falta pouco
para que o destino se cumpra.
Todo o mistério do mundo se resume 
às coisas mais simples.
Quero ir para a morte
como quem volta para casa. 













de profundis


O que você acha que vem depois da morte ?
- Não acho nada.
Não acha nada ? Não tem nem um palpite ?
- Sou ruim de palpite.
Ahhh...






domingo, 8 de dezembro de 2019



                                cova rasa







Por mais que nos imaginemos fortes, 
aptos a enfrentar qualquer parada sinistra, 
a verdade é que não estamos preparados 
porra nenhuma.
Basta o destino, os deuses, 
ou seja lá quem for,
mexer os pauzinhos, se invocar com nossa cara,
por alguma coisa que fizemos,
e tudo vai por água abaixo. Num segundo.
Quer você queira ou não.

Quando chega o pior, nada se pode fazer,
sequer entender, procurar algum nexo,
pois não há lógica, não há nexo,
não há truques que impeçam as perdas, os traumas,
as traições.
Vivemos sob a égide do imponderável,
o utilitarismo escrachado permeia as relações.
Enquanto você for útil, de algum proveito, o previsível
desfecho vai sendo adiado. 
Mas a aposta numa vida perfeita mais cedo
ou mais tarde põe tudo perder.
Ora, a busca do mito da felicidade 
é não só
impraticável, como insana. 

A vida carece de ser um pouco desperdiçada
e suja.









  




                            

       dar conta de tudo é uma proeza






E no entanto, é preciso resistir.
Estar acima dessa merda toda que gruda
como chiclete na sola do sapato.
É preciso trabalhar, pagar as contas, 
tomar os remédios direitinho, quando há dinheiro
para comprar.
É preciso tirar o lixo logo cedo, levar o dog para esticar
as pernas,
sem esquecer de limpar o coco na calçada,
normalmente já suja e malcheirosa, afinal, 
você sabe, 
estamos no Brasil, o reino dos porcalhões 
e ratazanas da vida pública.

É preciso estar esperto para não ser
enganado, 
pois alguém está sempre de olho no que é seu.
Marginais, espertalhões, malandros de toda natureza
não faltam. 
Se bem que contra a tunga oficial
nada se pode fazer, 
os impostos, a roubalheira  institucionalizada, 
tributos que você vai pagar até
morrer, e mesmo depois sobra para alguém, 
se não quiser ser enterrado como indigente.
  
É preciso ser forte para aguentar o tranco, 
ter estomago 
para engolir desaforos, sapos, sacanagens, 
injustiças.
E ainda assim não desanimar, ser honrado, correto, 
quando a vontade é mandar tudo à merda,
dar o troco na mesma moeda.
Mas você não consegue, né ?,  
porque você é decente,
tem um nome à zelar, 
como seus velhos lhe ensinaram,
e cá pra nós,
nada como poder olhar os filhos de frente,
não importa se as coisas eventualmente azedam,
nesses tempos difíceis 
dar conta de tudo é uma proeza, 
e a própria família às vezes vai para o espaço.

E no entanto, é preciso resistir, insistir, 
tropeçar e levantar,
amar, desamar, amar de novo, ou ao menos tentar,
dando o seu melhor, 
dando o seu suor,
dando o seu labor,
dando o seu calor,
enfim, 
fazer a sua parte, o que a consciência manda,
mesmo que não lhe deem valor, 
debochem de sua
integridade e honestidade de propósitos.
Pois como diria o velho safado do Bukowski,
o destino só é uma puta se deixarmos que seja. 









    













sábado, 7 de dezembro de 2019



                                                      arapucas








Sim, é inevitável, 
há momentos cruciais
em que a vida dá uma guinada.
Como quando você descobre que não é 
mais importante.
Que deixou de ser o cara. 
Que passou a ser apenas uma figura decorativa,
um simples provedor,
marido distante,
pai ausente.
E de quebra, um farsante, sujo, descartável.

É o que te jogam na cara, numa certa hora fria,
como se a memória estivesse anestesiada.
Como se as coisas tivessem meramente acontecido, 
nebulosas, frágeis, tartamudas,
não deixado nada além de queixas,
mágoas escamoteadas. 
Ressentimentos que de repente vêm à tona,
em função de uma dessas arapucas da vida. 
E eis que você se vê repentinamente
despojado de tudo,
deslocado no tempo, sem nada que possa fazer,
posto que impotente, vencido,
útil apenas para arcar com as obrigações de praxe.

Sim, o momento crucial em que tudo muda, 
um dia chega.
A medida que se envelhece, os sentimentos,
tudo aos poucos desaparece.
Rápido é o sonho,
cruel o despertar.
E o eu que paira sem ser tu,
deslocado na nova realidade com que estoicamente
se defronta,
se entrelaçam para ser alguém
que tece sua própria mortalha.













dos tempos em que eu era
um pai ausente...




 

férias no Vale do Sol 



Breno no Tumiaru, o primeiro time

No Itararé, os primeiros chutes 

meu companheirinho inesquecível 



as coisas quase sempre 
não são
como a gente quer.
    



             mas às vezes são até melhores.







      é tudo passageiro, irmão 






Quem já não se viu sufocando
entre quatro paredes,
se afogando em rios que correm para trás.
Morto em corações de pedra.
Implacáveis, incapazes de perdoar, 
não se olham no espelho para não ver 
onde também erraram. 
Quem já não se viu deslocado no tempo
e no espaço,
a vidraça da vida estilhaçada,
enchendo a cara ou enfiado num quarto escuro,
pensando na melhor forma de suicídio.
E no entanto,
é tudo passageiro, irmão. 
A ilusória felicidade,
a desgraça irremediável.

O coração partido chora
até não haver mais lágrimas.
E de uma forma ou de outra, 
uma nova vida começa. 
Às vezes, 
melhor que a de antes.









terça-feira, 3 de dezembro de 2019




                                                            HOMENS







Um homem sem pretensões é que é um homem feliz.


A desgraça do homem é o próprio homem. Às vezes os outros ajudam um pouco.



Não passam de mentirosos os que falam que aqueles fortões de academias tem o pau pequeno. 
Eles (os paus) apenas são desproporcionais ao resto.



Nenhum homem presta. 
A diferença está meramente na embalagem.


Não é a falta de dinheiro que deixa o homem infeliz. 
É não ter o que o dinheiro compra. 
E o que compra também.


Se o mau-caratismo fosso uma doença mortal, o homem 
seria uma espécie em extinção.


Tudo o que o homem sonha na vida é ouvir três ruídos : o tilintar das moedas, 
o alarido dos aplausos e o gemido das mulheres. 
(Don Rosé de Cavaca)


O homem só é confiável quando dorme. E olhe lá.






segunda-feira, 2 de dezembro de 2019




         entre o Paraíso e o Purgatório







No fim e ao cabo, tudo se esgota no desalento 
que semeia pedras, 
germina troncos rugosos.
Ora, a vida pode ser tudo, menos postiça. 
Passamos a maior parte do tempo tentando discernir 
até onde vai a realidade  e onde começam os embutes.
Ruminando dúvidas hamletianas, o vil repasto 
transpondo as coisas boas de péssimo gosto.
A vida resumida ao hersatz das verdades pré-estabelecidas.

Eis-nos, assim, tentando escapar da existência 
sem nexo, 
às voltas com metáforas obsessivas, 
ora triunfantes e salvadoras, 
ora de desilusão e desengano.
Sob o crivo de um hardware terrestre infernal, 
ode triunfal da felicidade longe de ledíssimo final,
entre o Paraíso e o Purgatório de Dante pairando, 
não parece nenhum pouco atrativa.


























   

Postagem em destaque

                               de segunda à segunda A vida se mascara e se revela tão perto e tão longe de tudo.   Andamos à esmo como anima...