domingo, 22 de dezembro de 2019




             DESDITA





Não sei se não era melhor antes, 
de quando dos sortilégios do amor padecia.
De quando vivia noite e dia à pensar,
sentia tua falta nas mínimas coisas.
De quando o coração mal dava conta
de tanto sentir,
e só com esses toscos versos se aquietava.

Agora que numa fria indiferença
passo meus dias,
sinto falta, 
não do amor irremediavelmente perdido,
mas do turbilhão de coisas que sentia.
Mesmo as incompreensões, que ainda reinam, sórdidas.

Hoje os sentimentos, filhos do tempo, se esgotam 
na realidade insípida
de quem apenas sobrevoa o mar revolto dos desejos.
Amargando a desdita de não mais amar.



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