sexta-feira, 30 de abril de 2021







Quanto mais confuso,

mais lúcido fico.

Quando mais perdido,

mais me acho.

Quanto mais tropeço,

mais aprendo.

As adversidades encorajam

outras formas de ser.



 



                     más companhias




 


         Solidão não mata.

         Mas más companhias,

         sim.


O amor pode até perder o brilho,

mas não o viço.


        É sempre assim :

        acaba o dia

        mas não a agonia.


O coração vazio, 

numa noite de frio,

e a vida por um fio.


            



 




Essa minha profusão de sentimentos,

veja bem,

não quer dizer que eu esteja 

matando cachorro à grito. 






 






  Imaginário

 



Falar de ti, hoje,

passado o suplício da separação,

o desencanto com os podres 

que vieram à tona,

é como falar de alguém

que só existiu em meu tolo imaginário.







 

quarta-feira, 28 de abril de 2021




piloto automático


 


A vida transcorre em contínuo  desalinho.

As coisas acontecem de repente.

A única certeza é que nada é permanente.

E que cada um faz o seu caminho.


A vida é imprevisível, mas nem tanto.

Tolice culpar o destino quando 

se assume riscos, situações perigosas.

Deus pouco interfere, deixou as coisas 

meio que no piloto automático. 

Qualquer dia é dia para ser feliz. Ou de tudo perder. 


A vida passa sem dar satisfações. 

Ensina a amar a doçura e o amargor. 

Decorremos as horas impiedosas sob o estigma 

dos erros. Sabendo que retornar é impossível. 

Mas que, no entanto, tudo é reabsorvível.

A brisa dos amores esquecidos. 

Os prazeres renovados. 

Até tudo definhar de tristeza, 

ante o imutável suicídio das coisas.  





 




Gosto das pessoas positivas, mas são as negativas 

que me motivam. A não ser como elas...


 

sexta-feira, 23 de abril de 2021

quarta-feira, 21 de abril de 2021




       Desapego



Preciso me desapegar de um monte de coisas.

Dos afetos não correspondidos. Dos desejos impossíveis. 

E sobretudo, das lembranças que sempre me serviram de consolo. 

Eu disse desapegar, não esquecer.

Isso eu deixo para quando morrer.






 

    


             Adoradores do reles


 

Somos todos vassalos da vida de merda.

Das coisas insanas e insaciáveis, entendidas às avessas, 

em que retalhos e sementes de nada prosperam. 

Eis-nos impregnados do tempo onde a relva 

não cresce, sem necessidade de sermos mais do que usuários e

consumidores. Mártires do apelo digital inescrupuloso 

e sem limites.

O nunca havido se despede do crepuscular 

embate dos adoradores do reles, 

na orgia viscosa que não sacia a fome 

de distrações frívolas e hemorrágicas. 

Sem anátemas, inquisidores e charlatões virtuais 

proliferam feito ratos.



 

   diferenças 



Qual a diferença entre um burro e um esquerdista ?

Ambos não latem.


Qual a diferença entre uma moça de família e

uma puta ?

As putas não disfarçam.


Qual a diferença entre um ladrão comum

e um político ?

O método. 


Qual a diferença entre um jornalista e um poste ?

O poste ainda tem alguma utilidade. 


Qual a diferença entre um padre e um pedófilo ?

O problema é justamente este, há diferença ?






 



               vocação



Nem todo mundo pode se queixar da pandemia. 

Como se sabe, alguns setores se deram muito bem,

obrigado, graças ao mundo on line.

Entre os quais,

a pornografia e a prostituição, que prosperaram sob

inúmeras roupagens. 

Nunca tantas mulheres descobriram 

sua verdadeira vocação. 


 




segunda-feira, 19 de abril de 2021




     REVEL



Ora mansos, ora rebeldes,

Os filhos de Deus travam suas lutas.

Entre promessas de glória e luto.

Sob o suor das nuvens

Ou o gotejar do orvalho.

Bafos de esgoto e vulvas perpassam a selva de pedra. 

De desesperados e degenerados é feito o reino de Deus. 



 



                        oquidão



Ah, esse passar que não passa, passando.

Reverente, feito a solidão dos gansos.

Ah, a sabedoria dos livros que nunca lerei.

Coração esboroado nos molhes da ruína.

Na oquidão de galhos povoados de ninhos e

primaveras.

O penumbrismo de meus versos

cauterizam as feridas das deslembranças. 




domingo, 18 de abril de 2021


        ?


Se Deus criou o universo,

quem criou Deus ?


Que culpa têm os cegos e aleijados de nascença?

De que adianta ter filhos,

se eles não nos pertencem ?


Por que tantas estrelas,

se não podemos visitá-las ?


Por que o palhaço faz graça

se chora por dentro ?








 

 




Quando o amor acontece,

a sensatez desaparece.


           Não se compare com ninguém.

           Sempre haverá um pau

           maior que o seu.


Todos têm segredos.

Todos têm medos.

Já as virtudes, 

contam-se nos dedos.



          Ter consciência dos próprios erros

          é o primeiro passo para a libertação. 

          Mas não da absolvição. 





 

    Cumprir o trato


Faz bem ter o que lembrar.

Contanto que não doa. Ou ainda que doa.

Só não vale digladiar-se com o que

não pode mudar.

Sejam coisas boas ou ruins. Pois não há o que fazer.

A não ser cumprir o trato, decorrer dignamente 

o tempo,

sem deixar que as frias camadas epiteliais 

sorvam as gratas lembranças,

remanescentes

à voragem do tempo.


  





sábado, 17 de abril de 2021



Melhor ter falsas esperanças do que não ter nenhuma. 


 




No leito da morte

a vida parece um trote. 




 

     Essa coisa


Essa coisa de ter alguém

para dividir o teto,

quase nunca dá certo.

Sempre há um

dando uma de esperto.


Esss coisa de querer ser o que não é, 

quase sempre é um tiro no pé. 







Tenho acumulado tantas perdas,

sem desmoronar,

só não sei se por méritos

ou teimosia.


 



Aquilo que entendo como mundo

está tão em desacordo

com o que é o mundo,

que nessa dicotomia me afundo.



 

 

sexta-feira, 16 de abril de 2021





      A PONTE



Não estar com você agora não importa.

Talvez seja melhor assim, embora ainda te ame.

Para não por em risco a ponte que arduamente

reconstruímos.

Posto que finalmente nos respeitamos.

Agora que nosso amor a outro patamar elevamos.






quarta-feira, 14 de abril de 2021







 

 

Quem ao amor se entrega,

o bom senso renega.

   


               Busco a redenção soerguendo âncoras

               no mar revolto de meus males. 


 

A história não faz sentido,

mas vive se repetindo.








Mora dentro de mim um cúmplice

do crime de lesa-vida.


 



Nenhum dano

é maior

do que o passar dos anos.


 




Só os livros nos ensinam tudo.

Sobretudo, se lidos.



 




O poeta burila seus versos

como que edita

o que o coração dita.


 



                          restos, rastros, rostos 




Porque no fim só restam as palavras.

Mais indecifráveis do que nunca.

O que foi dito e o que não foi dito.

No indizível bailado das formas disformes,

mil formas de sentir condensadas em parábolas

estanques.

Cumpre adivinhá-las antes do salto mortal.

Surdo, cego, vil, imundo : é o mundo.

Com pompa e circunstância (ou não ), 

indefere nossos pedidos,

ignora nossos anseios.

O sol nascente indiferente às preces e súplicas.

Em crepúsculos de água e sangue, 

zumbidos de moscas não diferem louvor e morte.

O encadear-se das coisas suprime a beleza.

No caminho divergente, ninguém sabe o que é ida

e o que é volta.

Os restos, os rastros, os rostos

deformados

girando

sonâmbulos

nos descampados do mundo.

No princípio, tudo é belo. E ainda é belo

enquanto perdura

a ridícula crença no amor.



segunda-feira, 12 de abril de 2021


   pense direito





Não nasci para grandes feitos. Não tenho os requisitos.

Me contento em não dar vexame.


A memória é nossa maior herança. Não se esqueça disso.


Não imagino a vida sem fantasia. Para compensar

a monogamia (hahahaha, pensou que eu ia escrever monotonia, né?).


Não há muito o que fazer depois de feito.

Portanto, pense direito.



 


A voz que me diz "pula !", não leva em conta 

meu medo de altura. 







Ando meio sem rumo, mas isso não significa que estou perdido. 





domingo, 11 de abril de 2021


Haicais domingueiros

 




 

Domingo, dia da preguiça. 

Toca encher linguiça. 


Domingo que é domingo

a gente passa rindo.


Domingo que é domingo não fica sem missa. 

Ou pissa.


Domingo é só alegria. 

Seja com churras ou frango de padaria.


Domingo é bom até quando chove.

Pra ficar no modo love...


Domingo é tudo de bom. Dormir até tarde,

o macarrão da mama, futebol, namorar.

Sem contas pra pagar...


 







quinta-feira, 8 de abril de 2021



 


                       As coisas são o que são 




Porque em todas as coisas feitas de água, ferro e fogo,

o perfeito e o imperfeito se misturam.

Porque a gente é capaz das coisas mais sórdidas.

Porque estamos sempre disponíveis para novos erros.

Porque a gente esquece tudo facilmente.

Porque a gente nunca aprende.

Porque a gente não sabe ser feliz.

Porque a gente está sempre se desviando das rotas.

Porque a gente não viaja o bastante.

Porque o espaço entre nós é similar ao abraço

que não foi dado.

Porque você é mais bonita nas lembranças.

Porque eu nunca vou me desculpar por sentir tudo

à flor da pele.

Porque ninguém ao outro verdadeiramente conhece.

Porque a ausência dói mais que a saudade.

Porque os dias ensolarados são os piores.

Porque o amor que salva é o mesmo que mata.

Porque a gente nunca se lava dos pecados.

Porque o amor nos torna vulneráveis. 

Porque um pouco de álcool de vez em quando é a melhor terapia.

Porque ainda há um pouco de você em tudo o que toco.

Porque o amor também pode ser equânime 

e tranquilo. Mesmo que o teu corpo a outro pertença. 

E a intimidade se tornado estranheza.

Porque o elixir da memória não é uma 

dádiva duradoura.

Porque até os melhores perfumes perdem o cheiro.

Porque a gente é de carne e osso.

E não existe culpa em se rebelar com uma vida de 

merda. 

Porque no fundo a gente está sempre sozinho. 

Porque os afetos "são distinções que decidiram 

coexistir."

Porque as coisas são o que são. 

Ou não.














           de tormento em popa



Assim como o veleiro depende do vento,  

meus versos só fluem em meio ao tormento. 

Invejo aqueles que escrevem assepticamente.

Imunes as emoções, aos atropelos do coração.

Me falta estofo.  

Sou o que sinto.

Até quando minto.


sexta-feira, 2 de abril de 2021




Acho a poesia modernista uma bosta.

É como um navio que perdeu a rota.


 




Agora

que tudo

o que eu achava

não vale mais nada,

não acho

o fio de meada.


 



O mal da evolução 

é ser oca por dentro.



 





Acho os tempos atuais, sobretudo, insossos.

É como se a vida estivesse no osso.


 




                       viver a dois





Acho que, enfim, me achei.

Sozinho, sem decepcionar, 

sem prejudicar ninguém.

Sem fazer ninguém sofrer.


Sou, hoje, o que deveria ter sido sempre.

Tivesse ficado sozinho.

Viver a dois

traz à tona nossos piores defeitos.

O quê nem todo mundo aguenta.

Nem merece.





Tenho vontade

Tenho ideias

Só me falta o larjan


 

quinta-feira, 1 de abril de 2021



O livre-arbitrário foi a maior besteira que Deus concebeu. O homem nasceu para ser tangido, domesticado.

Toda vez que resolve tomar as rédeas de seu destino, faz merda.



Postagem em destaque

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