restos, rastros, rostos
Porque no fim só restam as palavras.
Mais indecifráveis do que nunca.
O que foi dito e o que não foi dito.
No indizível bailado das formas disformes,
mil formas de sentir condensadas em parábolas
estanques.
Cumpre adivinhá-las antes do salto mortal.
Surdo, cego, vil, imundo : é o mundo.
Com pompa e circunstância (ou não ),
indefere nossos pedidos,
ignora nossos anseios.
O sol nascente indiferente às preces e súplicas.
Em crepúsculos de água e sangue,
zumbidos de moscas não diferem louvor e morte.
O encadear-se das coisas suprime a beleza.
No caminho divergente, ninguém sabe o que é ida
e o que é volta.
Os restos, os rastros, os rostos
deformados
girando
sonâmbulos
nos descampados do mundo.
No princípio, tudo é belo. E ainda é belo
enquanto perdura
a ridícula crença no amor.
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