quarta-feira, 14 de abril de 2021



                          restos, rastros, rostos 




Porque no fim só restam as palavras.

Mais indecifráveis do que nunca.

O que foi dito e o que não foi dito.

No indizível bailado das formas disformes,

mil formas de sentir condensadas em parábolas

estanques.

Cumpre adivinhá-las antes do salto mortal.

Surdo, cego, vil, imundo : é o mundo.

Com pompa e circunstância (ou não ), 

indefere nossos pedidos,

ignora nossos anseios.

O sol nascente indiferente às preces e súplicas.

Em crepúsculos de água e sangue, 

zumbidos de moscas não diferem louvor e morte.

O encadear-se das coisas suprime a beleza.

No caminho divergente, ninguém sabe o que é ida

e o que é volta.

Os restos, os rastros, os rostos

deformados

girando

sonâmbulos

nos descampados do mundo.

No princípio, tudo é belo. E ainda é belo

enquanto perdura

a ridícula crença no amor.



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