sábado, 31 de agosto de 2019



                 vagaba



Mulher fatal, 
cruza meu caminho.
Linda.
Banal.
Promíscua.
Vulgar.

Não obstante sedutora,
ardente,
o estereótipo vigente.
Capaz de tudo, menos se entregar.
Coração blindado, 
é só o que não 
consegue dar.

Vagaba, desbocada,
não quer nada com nada.
Não faz nada de graça.
Menos mal 
que não disfarça.
Tudo tem seu preço.
Quer, quer; não quer, passe bem.
É pegar ou largar.

Às vezes eu pego.
Às vezes eu largo.
Prefiro assim. 
Cartas na mesa.
Mil vezes o jogo aberto das vagabas,
ao faz de conta que impera
quando o amor definha, 
e no marasmo acaba.







5










                            ASSERTIVAS







O que não tem conserto, não tem remendo
que dê jeito. 

Juras, promessas, quando em nome do amor, 
não tem valor.

Ninguém admite, mas no fundo, o que mais há 
é quem acenda uma vela à Deus, e outra ao diabo.

O diabo tem mil disfarces, um para cada ocasião. 
E ocasiões não faltam.

O amor, ah, o amor. Quando não acaba, acaba com a gente.

O amor é como uma cegueira temporária, 
e mesmo quando passa, costuma deixar sequelas irreparáveis.

O homem não é confiável nem quando dorme. 
Trai até em sonhos.

































                            

                         entrega, nunca mais







  


A vida sempre surpreende.
Quase sempre para pior.
Malogros, frustrações, 
é o que mais há.
Ninguém dá ponto sem nó.
Acreditar, confiar, 
é pedir para cair do cavalo.

Amargo decepções recorrentes,
mas não me faço de vítima.
Posto que consciente de meus atos.
Acredito, confio, 
quebro a cara e não aprendo.
Não posso reclamar.
Tenho o que mereço.

Amar quem não me ama
é o de menos.
Enquanto ciente.
Sabendo onde piso.
Blindar o coração, viver intensamente
o presente,
é o que me cabe.
Entrega, nunca mais. 













quinta-feira, 29 de agosto de 2019




                         toma lá-dá-cá








Evocar o passado não é  desdouro.
Às vezes é tudo o quê se tem.
Quando se teve uma vida boa, 
Coisas que valeram a pena viver. 

Vai do quê fazer com as lembranças.
De como conviver e lidar com elas.
Não deixar que se transformem num fardo.
Sufocar de mágoa e arrependimentos.

Não, não é fácil deixar tudo para trás.
Perder, romper com laços afetivos.
No entanto, é preciso ponderar e aceitar, 
pois assim é o toma-lá-dá-cá da vida.

Menos mal quando as coisas boas se sobrepõe.
Quando o que foi vivido conforta e consola.
E se pode encontrar no passado 
Força e paz de espírito para seguir em frente.  




quarta-feira, 28 de agosto de 2019



                                                                   LIDA






Às vezes é preciso 
O bicho pegar
A cobra fumar
O pau quebrar
A batata assar
A cuíca roncar
A casa cair
O caldo entornar
O laço apertar
O cu da cotia assoviar
A onça beber água
A canoa virar
A porca torcer o rabo
A vaca tossir
A rosca espanar
Ladeira abaixo despencar.

E se isso ainda não bastar 
Para cair na real
Tomar tenência 
Criar juízo 
Melhor mesmo se internar 
Ou meter uma bala na cabeça 
Que assim tudo de resolve
Não se amofina.
Nem os outros aporrinha.

















terça-feira, 27 de agosto de 2019


             
                  NOBRE LEGADO









Fecho os olhos e ainda vejo.
O rio poderoso e turvo.
Matas repletas de pássaros, arrozais, 
meus dois cachorros, Kalu e Respeito, 
anjos da guarda da minha infância.
O internato aos seis anos,
as missas na igreja Luterana.
O imponente morro do Agudo ao fundo.
Bailes na colonia e adjacências, pescarias no Jacuí ,
banhos de arroio, 
os primeiros namoricos. 
E memoráveis férias de fim de ano,
reunindo a numerosa família dos Berger, dos Roos,
ah, as gaitadas...
Com direito a concursos de peido, o mais fedido e o mais estrondoso...
Ah, sim, a chegada do indefectível Papai Noel - meu primo 
Ernani à caráter, 
a molecada desconfiava mas não tinha certeza.
Luzes apagadas, apenas a enorme árvore natalina 
tremeluzindo, o tannenbaum cantado assim mesmo, 
em alemão,
Enfim, hora dos presentes, não sem cada um
recitar algum verso natalino,
o endiabrado aqui sapecando o infalível
"kleine known, grossen known, der weihnachtsmann at der 
arschloch brechen".
Neim, neim, neim, se ria a não mais poder 
a Grossmuther, mãe, avó, inesquecível matriarca dos Berger, com seus seis filhos, 
Arnaldo, o mais velho, meu pai Engelhart, Bernardo e Orlando, 
as gurias, Onira e Lolita, 
vô Rodolfo não conheci, morreu cedo, aos 56 anos, câncer no estômago.
E havia já então uma numerosa prole de netos, 
hoje em dia, mais de meio século depois, também 
com filhos e seus próprios netos, 
dispersados por esse mundão afora,
com a sagrada missão de honrar 
e perpetuar tão nobre legado.


Igreja Luterana de Agudo.



O imponente morro do Agudo



   










domingo, 25 de agosto de 2019





De que adianta beleza, carisma, esperteza, 
se lhe falta 
um mínimo de caráter ?
Mais dia, menos dia, 
a máscara cai, moça.




                                     ARGUMENTOS






Há pessoas com quem não se consegue argumentar.
Não por falta de argumentos, mas por não haver 
nada que as convençam.
Mentes empedernidas, caso perdido.

            Pior que a falta de argumentos é o proselitismo barato.

Não há melhor argumento do que a verdade. Ainda que eventualmente ela não prevaleça

           Não há argumento capaz de dissuadir     
           quem não tem argumento. 
           A ignorância é surda à argumentos.

Às vezes, o melhor argumento é calar.

          Quando nenhum argumento convence, das duas, 
          uma : ou o argumento é fraco ou voto vencido.

Às vezes, uma única palavra põe tudo a perder. 
(Mário Quintana)







  















                  ANOS DOURADOS






Ah, que saudade de quando tudo parecia
simples e descomplicado.
A vida lentamente fluía. 
A doce irresponsabilidade dos anos dourados.

Lembranças pungentes,
que embalam a melancolia do presente.
De quem vê tudo ausentar-se.
Os sonhos que sonhei.
Os amores que perdi.
As certezas pueris, 
estáticas,
batendo asas como um colibri. 





                        
           PEIXE FORA D´ÁGUA






A vida nos faz ser como somos
ou já nascemos predestinados,
geneticamente programados para o quê
viermos a ser ?

Vai da sorte, do destino de cada um,
deliberar a cota de prazeres e dores
de ser o que se é ?

Ninguém sabe.
Apenas especulamos.
De concreto mesmo, só a irredimível certeza 
de que do ser humano, tudo se pode esperar.

É dentro desse espectro que tudo acontece.
Por maior e mais íntima que seja a convivência,
estamos sempre sujeitos à surpresas e revelações.
Coisas aleatórias, inesperadas.

Mentiras, golpes, traições, tudo passa pelo 
aniquilamento gradual e sistemático da virtude. 
Tudo que nos é ensinado de bom e virtuoso vai sendo
aos poucos desencorajado e desmantelado vida afora. 

Integridade de princípios, senso de justiça, confiança, 
cada vez mais anacrônicos frente à escalada brutal 
da inversão de valores, 
ensejada pela modernidade líquida e frívola reinante. 
Marca registrada da era digital, em que a busca por conforto, 
prazer, poder, paira acima de tudo. 

Uma época em que eu, 
positivamente, 
me sinto como um peixe fora d água. 
























sábado, 24 de agosto de 2019




                           ANSEIO







"Eu estava dormindo e acordaram-me",
e me vi sozinho e perdido
num mundo em que tive que aprender
tudo de novo.
Mas tudo tão estranho
que sonho
ser tudo um sonho
do qual despertarei 
para meu pacato antigo mundo.



sexta-feira, 23 de agosto de 2019



                  a ilusão de ter sido







Não choro a tua partida.
Despedidas são uma constante na vida.
E a gente não perde o que não tem.
O que não nos pertence.
O que nunca foi nosso.

O que tivemos foi a ilusão de ter sido.
No fim, apenas momentos, 
fragmentos de um todo.
Que se perderam como tudo
o que não tivemos,
o que um para o outro não fomos. 



terça-feira, 20 de agosto de 2019



                     

                     

                              a fila anda





A fila anda, diz a galera, 
partindo para outra
como se troca de roupa.

Relações fluídas, orgásticos fluídos
passam céleres.
Curtir sem culpa é a ordem do dia.

Corpos, amores vem e vão.
Vidas da memória se apagam.
Tudo logo superado, esquecido.

Não sei mais o que sinto,
o que pensar, o que esperar.
Num instante tudo muda, 
mal dá para acompanhar.

De manhã, tem-se uma vida.
De repente, não mais.
No smarthphone, no wats ap,
na mensagem indevida,
a vida dupla se revela.

O tempo voraz as ilusões engole.
Nenhuma certeza, a vida na corda-bamba.
Relacionamentos, empregos,
as insatisfações que afloram.
O encanto logo se quebra.
Paciência, compreensão, logo acabam .
E o frágil amor já era.

A fila anda, 
já há outro à espera.














domingo, 18 de agosto de 2019


                      desconstrução                              






Uma a uma, as coisas se perdem.
Confiança, cumplicidade, amor, quando se vão, 
não se recupera mais.
O fim do amor atormenta.
A separação abala.
Piorar ainda:
a desconstrução
de tudo que foi vivido.
O passado manchado, dilapidado, adulterado.
A culpa e o castigo que cruciam.

Ganhar e perder, perder e ganhar, 
faz parte, é a vida.
Ver tudo sumir,
ah, como machuca, derruba. 
Buscar forças onde não há.
Apelar para tudo que possa ajudar.
Consolo para o quê só o tempo pode amainar.

Não, não é o fim do amor que mais pesa.
Não é a separação que mais incomoda.
Às vezes é inevitável, a melhor solução.
O que fustiga e corrói 
é a dúvida sobre a autenticidade das coisas.
A desconstrução de tudo aquilo que ficou para trás.
O que por tanto tempo pareceu autêntico e inquebrantável, 
pequenas e grandes coisas, uma a uma,
transformadas em indiferença, ressentimento, 
desprezo.
Em pesada, rude desdita.







                         fluido e frívolo






Chega a ser assustador constatar a superficialidade e efemeridade das coisas nesses tempos de modernidade líquida, como bem definiu o filósofo polonês Zigmunt Bauman. Uma época de relações rápidas e fluidas, em que tudo fica para trás e mal dá tempo de assimilar o que se apresenta, acentuando a frivolidade comportamental que afeta os próprios sentimentos mais nobres, como o amor, a amizade, os vínculos familiares.

Como se diz, é impressionante como a fila anda, e cada vez mais gente prescinde do convívio e dos relacionamentos tradicionais, não exatamente por desinteresse ou egoísmo, mas em função dos novos padrões inerentes a esse processo. Mal dá tempo para curtir o momento, tal a alternância e o ritmo acelerado das coisas, daí a impressão de estar tudo passando rápido demais.

Ainda estou aprendendo a lidar com essa fluidez, me adaptar as variações que desafiam meus antigos valores, e sobretudo, essa superficialidade que beira o descaso, o desprezo, a renúncia a compromissos e comprometimentos. Não poder confiar é para mim um preço muito alto à pagar, sejam quais forem as vantagens e facilidades desses tempos em que a transitoriedade das coisas só serve para agravar ainda mais o vazio existencial.

terça-feira, 13 de agosto de 2019






Tudo tem seu preço.
Para tudo há um preço.
Mesmo para o imprestável.
Que são justamente os mais caros.
Passos em falso, escolhas erradas...
Caros, caríssimos. 
Às vezes, o preço de uma vida.


                   

                       fim dos tempos








É fácil constatar. Há coisas extraordinárias acontecendo.
No bom e no mau sentido.Transformações radicais 
e valetudinárias. 
Riqueza e miséria extrema antagonizando.
O homem brincando de Deus.
Deus se fingindo de morto. 
Dando corda.
Franqueando o conhecimento.
Dando corda ao relógio do Apocalipse.

Sinais não faltam. Avisos não faltam. 
Os parvos ignoram. 
Desprezam as evidências, 
ignoram os próprios protocolos de controle. 
Na estúpida crença de que a natureza se regenera. 
Os interesses e a ganância imperam, 
sob os auspícios de governantes obtusos. 

Coisas extraordinárias e absurdas, coabitando. 
Luxo e riqueza como nunca se viu.
Pobreza e desigualdade como nunca se viu.
Livre arbítrio e liberdade como nunca se viu.
Em meio a ignorância e barbárie de sempre.

Mas eis que o homem quer ir à Marte.
Explorar, morar lá. 
Se dispõe a gastar bilhões, 
para ir onde só tem areia, pedra.
Sequer oxigênio há, e o calor, insuportável.
Ao invés de cuidar da Terra.
Talvez porque um dia Marte já foi igual a Terra.
Com água, vida, habitada.
Querem descobrir o que aconteceu,
quando a resposta está aqui mesmo.
O homem brinca de Deus, achando que tem tudo
sob controle.
Deus se faz de morto, 
enquanto o diabo toma conta.

Não é difícil antever o cenário que se avizinha.
Matéria para a crônica do fim dos tempos.  














  


  









domingo, 11 de agosto de 2019




da série, minha vida virou uma piada.


Dia dos pais, vou buscar meu filho para passar o dia comigo.
O presente, me surpreende : uma garrafa de Desejo, um de meus vinhos preferidos.
"A mãe disse que é seu vinho predileto", diz ele, enquanto eu viajo, poxa, a primeira vez em um ano e meio que ela se mostra amistosa.
Bom sinal, penso, e de tão alegre, resolvo abrir a garrafa hoje mesmo, para acompanhar o caprichado fettucine ao molho de camarão. 
Mas ao retirar o lacre, noto que a rolha está borrada de vinho, o que costuma acontecer quando a garrafa fica muito tempo na horizontal, e de fato, ela esfarela toda ao giro do saca-rolha. Comento com ele : filho, se o vinho azedou, vai ter que levar a garrafa de volta para ela trocar onde comprou.
"Ih, pai, não vai dar".
"Como assim, não vai dar, esse vinho é caro, não dá para perder assim de bobeira".
"Sabe o que é, pai. Você não deve lembrar, mas esse vinho é do seu tempo, que você esqueceu de levar quando saiu de casa".
"Quer dizer que você me presenteou com um vinho que já era meu?'
"É, pai, foi a mãe que mandou."
Menos mal que o vinho não azedou. Nem estava envenenado ...











  





                              FERREIRO




O amanhecer é sempre mais penoso.
Acordar no quarto vazio,
no gélido langor da chama extinta.
Lidar com o avassalador vazio existencial.
Onde o botão para desligar os pensamentos ?

Já não tenho palavras para expressar o que sinto.
A angústia por algo que continua vivo.
Adrede, me quedo resignado.
Nada mudou enquanto eu dormia.
Morro um pouco a cada dia.

Às vezes penso que consigo
Esquecer de antiga vida.
Em consolos vãos, prazeres fugazes.
Mas as lembranças logo retornam.
Temo que sem elas, seja ainda pior.

E assim vou levando.
Na faina rude, 
na lassidão da nova vida, 
subjugar a mente.
Como um ferreiro a malhar o ferro frio. 











sábado, 10 de agosto de 2019











               sobre dúvidas


Na dúvida, fique na cama.


A dúvida é a verdade aprisionada.


Quem ama, duvida. Só os tolos não duvidam.


Quanto mais eu vivo, mais eu duvido. De tudo.


A dúvida é a ante-sala do conhecimento.


Simples assim : na dúvida, diga não, e a verdade aparece.


Antes a dúvida do que o arrependimento.


Entre a dúvida e a certeza, às vezes é melhor nem saber.











sexta-feira, 9 de agosto de 2019





                           dúvida (2)







Na dúvida, não faça.
Não acredite.
Duvide.
Cale e espere.
Não se apresse.
Pense, reflita,
as coisas não são o que parecem.

A verdade é um bicho esquivo.
É o livro que não foi lido.
A ponte dos suicidas.
A corda do enforcado.
A lanterna dos afogados.
A última bala na agulha.

A verdade é cruel.
A verdade é cega.
A verdade fere.
Daí dela fugirmos.
Daí nem sempre a reconhecermos.

Na dúvida, portanto, não faça.
Não acredite.
Duvide.
Ponha à prova.
Pois agindo assim, nada perderá.
No máximo, o amigo. 
A namorada trambiqueira. 














               perdas e ganhos




Por que te lamentas ?
Do quê reclamas ?
Tens a vida que mereces.
A mocidade se foi, os sonhos se perderam,
mas a vida continua.
Nem tudo se perdeu.
Tens filhos, disposição, saúde.
Entre perdas e ganhos, estás no lucro.

Tudo somado, as coisas que te incomodam 
valem menos do que as boas lembranças.
Palavras duras, decepções, ingratidão, 
só servem para envenenar o espírito.
E esses retratos da família, que ainda conservas,
atestam o que a memória amarga teima 
em solapar.

Tempos de alegrias, tempo de despedidas, 
dia virá em que no mesmo esquecimento 
tudo se fundirá.
Fracassos, dignidade, paz de espírito : 
cumpriste bem o teu papel.
Se mais não fizeste, é porque 
nunca fazemos o suficiente.
Se não durou, é porque
o eterno amor une e separa.
















quinta-feira, 8 de agosto de 2019


                                       VIDA BOA





Na vida que se arrasta, e nos leva de arrasto, o que mais almejamos 
é paz, sossego.
Vida boa.
Luxo, prazeres.
Ou seja, coisas que entorpecem ou envenenam a alma.
Porque não fomos feitos para a calmaria.
Ócio, extravagâncias, luxúria, nos enfraquecem.
Precisamos de adrenalina, desafios, ocupar o corpo e a mente.  
Do contrário, adoecemos, definhamos.
É natural querer conforto, crescer profissionalmente, 
estabilidade financeira. Usufruir do trabalho e do esforço 
para subir na vida.
O diabo é que a acomodação e os excessos matam 
mais depressa.
Curtir a vida é bom e necessário, mas ter metas e objetivos,
manter-se produtivo, é melhor ainda.  








Postagem em destaque

                               de segunda à segunda A vida se mascara e se revela tão perto e tão longe de tudo.   Andamos à esmo como anima...