domingo, 18 de agosto de 2019


                      desconstrução                              






Uma a uma, as coisas se perdem.
Confiança, cumplicidade, amor, quando se vão, 
não se recupera mais.
O fim do amor atormenta.
A separação abala.
Piorar ainda:
a desconstrução
de tudo que foi vivido.
O passado manchado, dilapidado, adulterado.
A culpa e o castigo que cruciam.

Ganhar e perder, perder e ganhar, 
faz parte, é a vida.
Ver tudo sumir,
ah, como machuca, derruba. 
Buscar forças onde não há.
Apelar para tudo que possa ajudar.
Consolo para o quê só o tempo pode amainar.

Não, não é o fim do amor que mais pesa.
Não é a separação que mais incomoda.
Às vezes é inevitável, a melhor solução.
O que fustiga e corrói 
é a dúvida sobre a autenticidade das coisas.
A desconstrução de tudo aquilo que ficou para trás.
O que por tanto tempo pareceu autêntico e inquebrantável, 
pequenas e grandes coisas, uma a uma,
transformadas em indiferença, ressentimento, 
desprezo.
Em pesada, rude desdita.





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