o velho amor
O tempo,
que é o mais longo dos caminhos,
enxovalha e purifica,
amaldiçoa e beatifica.
Nos autos-de-fé da alma, a carne queima
em impiedosas fogueiras,
para que se cumpram
os mundanos ritos.
Vivemos de esquecer, para sobreviver
nem sempre esquecendo,
e por isso mesmo padecendo.
Os mortos velam sua própria memória,
em perdidos e resgatados sonhos.
A fuga do tempo procura a nostalgia e o olvido.
Cada remordimento pressagia o que ganhamos
e o que perdemos.
Defenestrado, o velho amor resigna-se
a estes versos.
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