domingo, 16 de junho de 2024

                              o velho amor




O tempo,

que é o mais longo dos caminhos, 

enxovalha e purifica,

amaldiçoa e beatifica.

Nos autos-de-fé da alma, a carne queima 

em impiedosas fogueiras,

para que se cumpram 

os mundanos ritos.


Vivemos de esquecer, para sobreviver 

nem sempre esquecendo, 

e por isso mesmo padecendo.

Os mortos velam sua própria memória,

em perdidos e resgatados sonhos.

A fuga do tempo procura a nostalgia e o olvido.

Cada remordimento pressagia o que ganhamos

e o que perdemos.

Defenestrado, o velho amor resigna-se 

a estes versos.





 







Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

                           a tragédia humana Ideias pendentes pairam exauridas. Merencórias vilegiaturas louvam as singraduras equânimes. Su...