sábado, 15 de junho de 2024


                            a farsa de viver





A farsa ocupa-se de si mesma 

como o triunfante alicerce de um lúgubre equinócio.

Assim o crânio lateja, a alma se quebra,

os irmãos se maltratam,

a vida implacavelmente horrível

murcha e perece.

O chão dos percalços caminha às cegas.

A graça pueril de pedras novas e antigas

ignora o périplo das debandadas.

Ando e desando encontrando-me em cada desencontro.

O que há de vir é meu tesouro.

Não morrer vulgarmente é o lume do meu descaminho.

Ardo funestamente a cada desvaio.

Fugir de mim já não fujo.

Os ledíssimos desenganos aludem 

a interminável farsa de viver.



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