a farsa de viver
A farsa ocupa-se de si mesma
como o triunfante alicerce de um lúgubre equinócio.
Assim o crânio lateja, a alma se quebra,
os irmãos se maltratam,
a vida implacavelmente horrível
murcha e perece.
O chão dos percalços caminha às cegas.
A graça pueril de pedras novas e antigas
ignora o périplo das debandadas.
Ando e desando encontrando-me em cada desencontro.
O que há de vir é meu tesouro.
Não morrer vulgarmente é o lume do meu descaminho.
Ardo funestamente a cada desvaio.
Fugir de mim já não fujo.
Os ledíssimos desenganos aludem
a interminável farsa de viver.
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