segunda-feira, 24 de julho de 2017


                 DE SACO CHEIO



Desconfio de pessoas que dizem não se arrepender de nada, 
mesmo porque, se errar é humano, 
não reconhecer as cagadas é pior ainda. 
Desconfio de pessoas cheias de razão, 
que se arvoram de donas da verdade, que não admitem 
e omitem suas falhas, nem pedem desculpas.
Desconfio de quem quer se passar por quem não é. 
Que posa de integra, liberal, descolada, 
quando no fundo tudo é de fachada, fake.
Desconfio de quem fala demais, promete demais, 
de gente espaçosa. 
Desconfio de apertos de mão flácidos, de quem não te olha
 nos olhos, que gosta de falar mal dos outros. 
Que se acha a palmatória do mundo, mesmo não sendo flor 
que se cheire.
Desconfio de anúncios que prometem milagres 
como o fim das rugas, da barriga, 
ereções espetaculares, 
em suma, de coisas para as quais não há santo que dê jeito.
Desconfio, enfim, de tudo e de todos, até que me provem 
o contrário, mas não da boca para fora. 
Tem que matar a cobra e mostrar o pau, para variar. 
Estou se saco cheio de papo furado, de conversa mole, propaganda enganosa. 
E sobretudo, de bancar o otário.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

                                    regresso Saem os barcos para o mar,  sabendo  que podem não voltar. Assim o tempo de Deus se põe-se de p...