"Por que açoitas essa pobre rameira ?
Vira contra ti próprio essa chibata.
Estás ardendo de desejo de com ela
realizar o ato de que a castigas."
(Shakespeare/ rei Lear/ato IV/cena V)
outros olhos
O que vês em mim, que tanto te espanta ?
O que vês agora, que já não vias antes ?
Talvez com outros olhos.
Não, não fui eu que mudei.
Sou o mesmo que conhecestes, de longa data.
Fraco, falho, promíscuo ( como dizes ).
Tu que mudaste.
Tu que abriste os olhos
para o que antes não vias.
Para aquilo que o amor escamoteava,
não te deixava ver.
houve um tempo
Houve um tempo maravilhoso na minha vida,
em que eu tinha tudo, era feliz
mas não dava valor.
Por falta de sabedoria.
Envelheci.
Perdi quase tudo que tinha.
Mas não vou cometer o mesmo erro.
Descobri muitas coisas.
Redescobri outras tantas.
E sobretudo, saber valoriza-las.
Mesmo as mais simples.
Como uma boa noite de sono.
Acordar sem dor.
Reparar na paisagem, nos detalhes,
nos pequenos prazeres.
Como um prato de feijão bem temperado.
O valor de um abraço.
Deixar a emoção fluir, sem vergonha de demonstrar,
assumir as culpas,
não querer ser a palmatória do mundo.
Encarar as privações e provações
não como castigo,
mas como degraus a mais
para o crescimento espiritual.
Perdoar-se,
para poder perdoar.
Porque o perdão faz mais bem
para quem perdoa
do que para quem é perdoado.
a noite eterna a noite eterna chega devagar a vida passa devagar até tudo passar e você de repente acordar sozin...