lembrança
A primeira vez que a vi,
Ela tombou a cabeça
E jogou os cabelos para o lado.
A última vez que a vi,
Ela tinha um coque
E um novo namorado.
(Rogério Noia da cruz)
outra vibe
O pior da separação
é quando um dos dois ainda gosta,
ainda alimenta ilusões,
baseado nas boas recordações
que o coração
preserva.
Enquanto o outro lado virou a página,
está em outra vibe,
e no máximo só consegue
lembrar com desdém das coisas de outrora,
e ainda mais das fantasias quixotescas
que o antigo amor teima em manter.
sabedoria
Para tudo que tens opinião,
preste muita atenção, há muito o que considerar.
Não se deixe enganar com adornos,
quinquilharias, contas de vidro,
tudo aquilo que brilha feito ouro de tolo.
Preocupe-se antes de mais nada, em desatar os nós,
desaprender as baboseiras que te ensinaram,
destruir as paredes que te aprisionam, para, aí sim,
sob os mais nobres princípios,
ver a realidade despida dos embutes
que os manuais chamam de sabedoria.
o grande gesto
Nós dois, mutantes,
mudamos
para lidar
com as coisas que não podem
ser mudadas.
E assim vamos nós,
pensar a vida,
em sua luta renhida,
ao redor de nossos sonhos gastos,
tomando muito cuidado
para não voltar
a desperdiçá-la.
E assim vamos nós,
mansos feito cavalinhos de carrossel,
mas não aceitando mais cabrestos,
nem nada que não faça
o coração palpitar.
Ainda que armas sutis nos ameacem,
um mudo entendimento antecederá
o grande gesto
de ser mais do que fomos.
até quando ?
Vítima infeliz de vícios e mazelas,
o povo padece.
Espoliado, esfaimado, grita por socorro
mas ninguém ouve.
Inerte por vocação, entorpecido por insidiosas
crenças, nada faz, nada consegue fazer.
Nos faltam hombres de cojones, gente de moral,
os nossos estadistas são de meia-tigela.
Cagam na cabeça da gente e nada acontece.
Nem um simples retesar de músculos,
nada além de muxoxos repletos
de atavismos inúteis.
Triste nação de raça sem brio,
desonras teu berço de valorosas e
extintas tribos : Timbiras e Tupis eternizados
nos versos geniais do bardo Gonçalves Dias.
O que foi feito de ti, Pátria amada e idolatrada ?
O que fizerem de ti, ao longo dos tempos,
para aceitar
assim, resignadamente, tão improba sorte ?
Tuas mãos calosas não te redimem.
Te ressentes do sangue que não foi derramado,
da honradez suprimida ao longo do lento e
infausto vilipêndio.
Ó terra de desvarios, atolada na merda,
é sempre velha a nova realidade que te cerca.
Aviltado por governantes e mentores
inescrupulosos.
Achacada por políticos da laia de reles
batedores de carteira.
Nação que não obstante grande e generosa,
não consegue se livrar de recorrentes pilhagens.
Vendo, impotente, suas riquezas dizimadas,
matas e rios seculares em silencioso holocausto.
Até quando ?
o quanto sei de mim Faço do meu papel o lenho da minha cruz. Cavalgo unicórnios a passos lentos, para que o gozo...