sábado, 1 de setembro de 2018




 nada de novo no front


já tive paixões
já alimentei ilusões
já semeei decepções
sonhos como todo mundo
já tive certezas
já tive receios, medos
já tive tudo
e hoje não tenho nada
nada do que um dia tive
o que fiz ou deixei de fazer 
já não importa
no balanço de perdas e ganhos
o que conta é minha vida presente
que se resume em viver o que se apresenta
coisas boas e ruins, como sempre
nada de novo no front... 









impressionante, 
quanto mais capino,
mais ervas daninhas
me aparecem...








sexta-feira, 31 de agosto de 2018


                       ESCOMBROS 






quando não houver mais nada à fazer
quando não houver mais nada à dizer
e tudo for escombros, desespero
quando não houver mais refúgio, aconchego
quando tudo for sepulcro, solidão 
quando tudo for deserto, silêncio 
e não houver consolo, ninguém para compartilhar 
e nada mais importar 
quem sabe hás de lembrar e lamentar
ter desistido de lutar
pelo amor negligenciado  
imenso e partido.




FIM DE TARDE GLORIOSO NA ORLA SANTISTA




quarta-feira, 29 de agosto de 2018

               

                    RUMINAÇÕES   


Depois de uma certa idade, tudo vai se tornando difícil, com o peso
de viver nos reduzindo a uma caricatura do que um dia fomos.
Definhamos física e mentalmente, perdemos a capacidade de amar, de acreditar, de confiar, e às vezes a própria fé, sendo esta, no entanto, a derradeira tábua da salvação a qual a maioria se agarra. 

Conscientes da proximidade da morte, direcionamos nossos pensamentos à ilusão de que outra vida nos espera, e que precisamos fazer jus a ela. De fato, não custa nada preservar essa crença, mesmo possivelmente infundada, pois mal não faz e vá que o paraíso realmente exista. Onde nossos entes queridos nos esperam e Jesus em pessoa nos recepcionará.

É essa reconfortante crença e expectativa que o cristianismo nos induz à acreditar, muito mais como um bálsamo ou lenitivo para os males e tormentos do espirito, do que eficaz na vida prática. Cremos em razão da consciência de nossas limitações e fraquezas, na ilusão de que assim encontraremos forças para enfrentar as agruras da vida, relevando ou mesmo ignorando o fato de que, no fundo, trata-se apenas do velho e hábito da esperança. Que embora salutar, não é garantia de nada. Posto que o tal poder do pensamento positivo é uma das maiores lorotas que o pessoal da autoajuda nos impinge. 

Pensar positivo não resolve nada. A fé não remove montanhas porra nenhuma. Estamos por conta própria. Por conta das crenças e atitudes que tomamos ao longo da vida. Pensar positivo sem arregaçar as mangas não refresca. Querer que as coisas mudem, que 
a vida melhore, sem trabalhar para isso, explica porque tanta gente vive dando murros em pontas de faca ser conseguir nada.

E aí chegamos ao ponto em que não temos mais ânimo, saúde, e tempo para dar um sentido à vida de modo a verdadeiramente usufruir os tais benefícios da longevidade, vivência, experiência, sabedoria. Coisas que, sejamos francos, bem poucos conseguem administrar e colocar em prática à contento. Pois o que mais se vê são velhos amargurados, revoltados, entrevados e entregues a ruminações que transformam o fim da vida num suplício dos diabos. Para eles e quem com eles convivem.

Que Deus me conceda a graça de não ser um estorvo para ninguém. 


segunda-feira, 27 de agosto de 2018


MAIS INSANO, IMPOSSÍVEL





Nada é como a gente quer.
Nada é como pensamos.
Pensar é um engano.
Só os sonhos não enganam,
enquanto sonhos.

Tudo é efêmero, frágil.
Mesmo o amor só é sincero temporariamente.
Deus quando fez o mundo
esqueceu do principal.
Preferiu descansar no sétimo dia.
Preferiu que o louvassem ao invés 
de nos ensinar como se ama.

Daí que, amamos sim, mas não para sempre.
Não incondicionalmente.
Não o bastante.
Apenas o suficiente para manter as aparências.
Para procriar.
Ao cabo do quê transferimos nosso amor 
para nossas crias.
Ensinando a mesma forma errada de amar.

Amor que ao deixar de existir
em indiferença e aversão se transforma.
Isto quando não em ódio inversamente proporcional
ao amor outrora sentido.
Mais insano, impossível. 



 

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