domingo, 10 de janeiro de 2021


                                  CADÊ  A BULA ? 





O que é pior : deixar de ser importante

ou deixar de se importar ?

Deixar de amar ou de ser amado ?

Deixar ficar ou deixar de ficar ?


O que é melhor : ser bom ou ser justo ?

Ser sincero ou realista ?

Ser coerente ou politicamente correto ?


O que é mais fácil : fazer o correto ou o mais

cômodo ?

Mentir por uma boa causa ou botar o dedo na ferida ?

Criticar ou compreender ?


O que contribui mais para nossa felicidade : o bolso ou

a imaginação ?

A dimensão objetiva da posse material ou

a dádiva intangível da fantasia ?

A noção de que tudo seu seu preço

ou a fé cega de poder domar o curso das coisas ?


O quem é mais tolo : esperar por gratidão ou

acreditar em afeição desinteressada ?

Confiar cegamente ou ignorar o óbvio ululante ?

Perdoar incondicionalmente ou fazer vistas grossas ?


O que é mais certo : investir tudo em nossas discutíveis

aptidões ou deixar o barco correr ?

Ser feliz por fazer

ou em paz por deixar de fazer ?

Saber de tudo e sofrer 

ou ignorar e viver ?


Saber ou não saber, ser ou não ser,

não sei,

ninguém sabe.

Deus, quando fez o mundo,

esquecer de fazer a bula.


  (Nov 2017)

sábado, 9 de janeiro de 2021

                                   

                              

                                                         silogismos





O que importa não é o que importa.

O que pensamos que importa nos induz a erros.

Nessa louca aventura sem sentido que é

a vida,

quase sempre somos os reais causadores 

das atribulações que nos fustigam.

Eis, pois, a pergunta que deveríamos fazer sempre :

qual nossa responsabilidade sobre os problemas

e preocupações que nos afligem? 

Assumi-los é uma parte da cura.

A outras, é livrar-se do jugo de culpas e aflições 

pertinentes a questões

que fogem a nosso alcance resolver. 

Causa do desassossego permanente, da ansiedade,

do fantasma da depressão 

que andou rondando minha vida por um bom tempo.

Por assumir culpas e viver me preocupando 

com pessoas que não estão nem aí para mim.


Por tudo que me foi caro e inolvidável, seguirei grato.

Mas nada além disso.

Os velhos silogismos carcomidos de tolices, 

não me afetam mais.



   





  


  

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021


  

          schadenfreude 



       

            


As dores nos acompanham vida afora.

Dores do corpo, 

da mente, 

da alma.

Cada qual a seu tempo, às vezes associadas.

Posto que tudo está encadeado. 

O que a mente concebe, repercute no corpo.

Entre flores e espinhos, as poderosas palavras regem a vida.

Abrem e fecham caminhos.

Cuida com o que dizes.

Acautela-te com o shadenfreude.

Atente para o velho e sábio mantra : não deseje para os 

outros o que não quer para si mesmo.

Pode ser demorado, sofrido, mas um dia 

descobre-se que a vida nada mais é 

senão aquilo que a gente faz dela.





 

 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021



                A FLOR E A PEDRA


                                                                        (Gravura de Bankski)


Uma flor é uma flor. Uma pedra

é uma pedra. O que não impede

que uma flor seja uma pedra, e uma

uma pedra, uma flor.

Pois a mão que acaricia, é a mesma

que apedreja. Quem nunca

sofreu por amor que atire a primeira pedra.

Ou uma flor...


(11?08?18) 

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021



                                         o vulto





Estou aqui como se já não estivesse.

Vivendo como se não vivesse.

Sinto que meu tempo já passou.

Tempo de fazer as coisas,

de ser útil.

Hoje sou apenas um vulto

que se esgueira por aí.

Que teima em continuar por aqui.

A despeito de não fazer mais falta.

De apenas existir.



 


                                   













 


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