sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021


                      o amor de Deus é ininteligível






É triste querer fazer e não poder.

Querer dar e não ter.

Sentir e de nada valer.

Não como gostaria. 

Urdidura de amor e compaixão.


Dizem que é preciso crer, ter fé.

Mas o amor de Deus é ininteligível.

Dor e padecimento infundidos sob a crença estúpida

de que há razões secretas para tudo.

Ora, quem nos salvará, quando não há 

quem nos salve do imponderável ?

O mesmo Deus que salva e mata ?

Bem-aventurados os que vivem sem precisar 

de subterfúgios.

Que se curam sem recorrer a paliativos.

Que são mais fortes do que a morte,

porque não a temem.




















 

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021


              amor com amor se paga



                            


No roçado da vida, carpia o mundo impregnado de pobreza e miséria.

A boca em ruínas e os olhos cegos de evidências co(r)tejam 

o limo e o ermo.

Sisma de andar à beira do desvario, eventualmente enlouquecer, 

a força da mudez dos sonhos. 

Acalenta o dom de viver sem expectativas, 

arrimo de suspiros, arrepios, caminhos de arrebol, 

para ao fim e ao cabo, 

refestelar-se nos mais simples prazeres.

De pecar não abdica, até por descrença de tudo.

Respeito, só pelo que rasteja, pelo que não carece de disfarce

e partilha a terra (Heráclito).

Tudo o que almeja é voltar às origens. 

Como o salmão que nasce programado para viajar  

milhares de quilômetros e depois retorna ao mesmo lugar. 

Para morrer. 

Catécumena criatura, gesta a vida como quem capina 

com enxada cega.

Íntimo das coisas desimportantes, das coisas descartadas,

de estrelas que não luzem.

Afeito à grotas, gretas, ruelas, caminha entre púbis e prebendas,

engendrando momentos em que as ausências

desocupam os cômodos. 

Mas os desejos não cessam.

Em meio ao rebanho que apascenta o pastor,

encontra-se no amor que com amor se paga. 

 












 






 



                   síndrome de Estocolmo





Nesse momento tão especial,

em que pela primeira vez 

sou livre para tudo,

estranhamente,

sinto falta do que antes me prendia.

Síndrome de Estocolmo ?

Somos todos doentes...







Não te iludas, ninguém te dá valor

pelo que tu és,

e sim pelo que podes dar.

Na métrica da vida, se tens pouco à dar,

pouco ou quase nada vales.



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021





Há um excesso de tudo na vida.

Notadamente do supérfluo.

Em detrimento do mais importante :

verdade, empatia, amor...


 



                      jugo


Há pesadelos em todos os lugares.

No breu na noite ou em plena luz do dia.

Até mesmo o velho e bom lar

um certo cheiro de impostura e podridão

exala.

Feliz de quem se livra desse jugo.


 

 




Habitam em nós sonhos sempre adiados. 

Pouca coisa resiste ao ingresso à vida 

que não foi vivida.

Imorredouro é o sentimento

que nos une e separa.

A tudo que passa,

posto que nunca houve.



Postagem em destaque

                          o quanto sei de mim Faço do meu papel o sonho de um desditado.  Cavalgo unicórnios a passos lentos, para que o go...