amor com amor se paga
No roçado da vida, carpia o mundo impregnado de pobreza e miséria.
A boca em ruínas e os olhos cegos de evidências co(r)tejam
o limo e o ermo.
Sisma de andar à beira do desvario, eventualmente enlouquecer,
a força da mudez dos sonhos.
Acalenta o dom de viver sem expectativas,
arrimo de suspiros, arrepios, caminhos de arrebol,
para ao fim e ao cabo,
refestelar-se nos mais simples prazeres.
De pecar não abdica, até por descrença de tudo.
Respeito, só pelo que rasteja, pelo que não carece de disfarce
e partilha a terra (Heráclito).
Tudo o que almeja é voltar às origens.
Como o salmão que nasce programado para viajar
milhares de quilômetros e depois retorna ao mesmo lugar.
Para morrer.
Catécumena criatura, gesta a vida como quem capina
com enxada cega.
Íntimo das coisas desimportantes, das coisas descartadas,
de estrelas que não luzem.
Afeito à grotas, gretas, ruelas, caminha entre púbis e prebendas,
engendrando momentos em que as ausências
desocupam os cômodos.
Mas os desejos não cessam.
Em meio ao rebanho que apascenta o pastor,
encontra-se no amor que com amor se paga.
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