sexta-feira, 8 de novembro de 2024

                                           


                     carta aberta à meu filho






Não me odeie, meu filho, se para você 

não passo de um chato, ranzinza, antiquado, 

um pé no saco.

É o meu jeito de ser e estou velho para mudar.

Acredite, dou o meu melhor, faço o possível

para dar conta da árdua tarefa de pai.

Não pense que gosto de ficar te chamando a atenção,

te cobrando responsabilidade e bons modos.

E, principalmente, o velho e bom respeito,

que nós, das antigas, aprendíamos a mostrar na marra.

Sei muito bem que os tempos são outros, que as coisas

mudaram radicalmente 

e a própria instituição da família já não é a mesma.

Mas não abro mão de meu papel de pai, e goste você

ou não, vou continuar cobrando, falando, aconselhando,

só não posso te obrigar a obedecer.

Espero que você não descubra tarde demais

que faço tudo isso pelo teu bem.

Logo, logo você estará fazendo 18 anos e estará livre

para fazer o que bem entender de sua vida, 

sem o velho pai para encher o saco.

Do jeito que as coisas estão hoje em dia,

já me darei por satisfeito

com o simples fato de você não me odiar.









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