quinta-feira, 8 de abril de 2021



 


                       As coisas são o que são 




Porque em todas as coisas feitas de água, ferro e fogo,

o perfeito e o imperfeito se misturam.

Porque a gente é capaz das coisas mais sórdidas.

Porque estamos sempre disponíveis para novos erros.

Porque a gente esquece tudo facilmente.

Porque a gente nunca aprende.

Porque a gente não sabe ser feliz.

Porque a gente está sempre se desviando das rotas.

Porque a gente não viaja o bastante.

Porque o espaço entre nós é similar ao abraço

que não foi dado.

Porque você é mais bonita nas lembranças.

Porque eu nunca vou me desculpar por sentir tudo

à flor da pele.

Porque ninguém ao outro verdadeiramente conhece.

Porque a ausência dói mais que a saudade.

Porque os dias ensolarados são os piores.

Porque o amor que salva é o mesmo que mata.

Porque a gente nunca se lava dos pecados.

Porque o amor nos torna vulneráveis. 

Porque um pouco de álcool de vez em quando é a melhor terapia.

Porque ainda há um pouco de você em tudo o que toco.

Porque o amor também pode ser equânime 

e tranquilo. Mesmo que o teu corpo a outro pertença. 

E a intimidade se tornado estranheza.

Porque o elixir da memória não é uma 

dádiva duradoura.

Porque até os melhores perfumes perdem o cheiro.

Porque a gente é de carne e osso.

E não existe culpa em se rebelar com uma vida de 

merda. 

Porque no fundo a gente está sempre sozinho. 

Porque os afetos "são distinções que decidiram 

coexistir."

Porque as coisas são o que são. 

Ou não.














           de tormento em popa



Assim como o veleiro depende do vento,  

meus versos só fluem em meio ao tormento. 

Invejo aqueles que escrevem assepticamente.

Imunes as emoções, aos atropelos do coração.

Me falta estofo.  

Sou o que sinto.

Até quando minto.


sexta-feira, 2 de abril de 2021




Acho a poesia modernista uma bosta.

É como um navio que perdeu a rota.


 




Agora

que tudo

o que eu achava

não vale mais nada,

não acho

o fio de meada.


 



O mal da evolução 

é ser oca por dentro.



 





Acho os tempos atuais, sobretudo, insossos.

É como se a vida estivesse no osso.


 




                       viver a dois





Acho que, enfim, me achei.

Sozinho, sem decepcionar, 

sem prejudicar ninguém.

Sem fazer ninguém sofrer.


Sou, hoje, o que deveria ter sido sempre.

Tivesse ficado sozinho.

Viver a dois

traz à tona nossos piores defeitos.

O quê nem todo mundo aguenta.

Nem merece.



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