Não há saber que baste
Abri mão de meu destino brilhante
Para ser o idiota vacilante
Que trocou tudo por vã sabedoria.
Que se deleita em servir de ponte
Para a humana convivência.
Para o quê não há saber que baste.
causas estúpidas
Ninguém repara nos pardais,
esses pássaros vulgares e subestimados,
como tantas coisas na vida.
Ignora-se o bem que fazem.
Como a China aprendeu da pior forma possível,
quando o iluminado Mao ordenou que fossem
exterminados,
e milhares de súditos morreram de fome,
em face das pragas que se disseminaram.
O mesmo descaso paira sobre soldados,
trabalhadores, serviçais, toda espécie de escravos
anônimos que lutam, se sacrificam,
morrem por causas estúpidas.
Meras peças
da engrenagem insana que move a humanidade.
Os pardais ao menos são livres
para voar.
brincando de não morrer
Na noite não muito iluminada
Uma poesia bem suburbana
Falaria da luz de pirilampos
A evocar os frágeis liames da infância.
Mas na solidão atemporal
Sutis caminhos de íntimos gozos
Enfim se despem da dependência.
Como uma flor que muda para o fruto.
São tempos sombrios.
Lave-se da alma a mitologia dos desejos.
Cumpra-se os dias como se fossem os últimos.
Sufocando a revolta.
Brincando de não morrer.
Ainda que a desdita, à solta,
"tão resoluta venha e carregada,
que põe nos corações um grande medo." ( adap. Camões)
o quanto sei de mim Faço do meu papel o lenho da minha cruz. Cavalgo unicórnios a passos lentos, para que o gozo...