sábado, 22 de maio de 2021




                 Não há saber que baste





Abri mão de meu destino brilhante

Para ser o idiota vacilante

Que trocou tudo por vã sabedoria.

Que se deleita em servir de ponte

Para a humana convivência.

Para o quê não há saber que baste. 





 


                 causas estúpidas



 


Ninguém repara nos pardais, 

esses pássaros vulgares e subestimados,

como tantas coisas na vida.

Ignora-se o bem que fazem.

Como a China aprendeu da pior forma possível,

quando o iluminado Mao ordenou que fossem

exterminados, 

e milhares de súditos morreram de fome,

em face das pragas que se disseminaram.


O mesmo descaso paira sobre soldados,

trabalhadores, serviçais, toda espécie de escravos

anônimos que lutam, se sacrificam,

morrem por causas estúpidas.

Meras peças

da engrenagem insana que move a humanidade.

Os pardais ao menos são livres

para voar. 



sexta-feira, 21 de maio de 2021

 



   o resto do resto




Não há remédio para os males que nos assolam.

Tudo se esgarça e fenece nesse mundo insano. 

Só o que sobra é o resto do resto

da louca quimera de ser feliz. 







Ter um ganha-pão.

Um trabalho digno.

É a maior e mais básica ambição 

de quem

não nasceu para ser parasita.



 




"Bem sei que para meus pecados

desculpa não há. 

Em minha campa há de ficar

gravado :

"Aqui jaz um infeliz que antes de enganar,

a si mesmo enganou..."

(Camposamor)




quinta-feira, 20 de maio de 2021



             brincando de não morrer




Na noite não muito iluminada

Uma poesia bem suburbana

Falaria da luz de pirilampos

A evocar os frágeis liames da infância.


Mas na solidão atemporal

Sutis caminhos de íntimos gozos

Enfim se despem da dependência.

Como uma flor que muda para o fruto.


São tempos sombrios. 

Lave-se da alma a mitologia dos desejos. 

Cumpra-se os dias como se fossem os últimos.

Sufocando a revolta.

Brincando de não morrer.

Ainda que a desdita, à solta,

"tão resoluta venha e carregada,

que põe nos corações um grande medo." ( adap. Camões) 




segunda-feira, 17 de maio de 2021





De penas e tédio

transcorrem meus dias.

Nos quais me faço de forte

para tapear a morte.





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