domingo, 25 de setembro de 2022



                  PRÊMIO DE CONSOLAÇÃO





Ando capengando, arrastando o corpo sempre cansado, 

com a guerra quase perdida, no limiar da derradeira batalha, 

talvez a mais árdua : manter a sanidade. 

Um prêmio de consolação para poucos.



sábado, 24 de setembro de 2022




                  a gente sofre de teimoso





Às vezes é preciso se rebaixar

para sair por cima.


            A consciência é feito morcego.

            De tão feia, só aparece à noite.


Tudo é permitido, tudo é perdoado.

No mundo depravado, o certo é o errado. 


                Perca-se o orgulho, perca-se a dignidade.

           Desde que não se perca o crédito.


A gente sofre de teimoso,

quando esquece do prazer. 

(Guilherme Arantes)


         Saiba, neném,

         não divido você 

         com ninguém.


           






                               honoris causa





Escrevo meus poeminhas sem maiores pretensões. 

Como quem não sabe fazer outra coisa

para aliviar o coração.

Sem me preocupar em ter razão, ou até mesmo

de escrever em vão.

Não me arvoro em ensinar nada a ninguém.

Sou doutor honoris causa em decepcionar

quem me quer bem.


 



                          condição sine qua non





De fato,

quero mais do que você pode me dar.

O coração sem dono.

O corpo que dás a todos.


De fato,

quero mais do que você pode me dar.

Respeito e exclusividade

como condição sine qua non.


De fato,

quero mais do que você pode me dar.

Tê-la só pra mim.

Preito que ignoras.


Mas saiba, neném,

agora é pra valer. 

Não divido 

você com ninguém.


É pegar ou largar.






sexta-feira, 23 de setembro de 2022





Coisas na vida que não se regeneram :

amor, ladrão e puta.


  

                     

                     o direito de fraquejar



 


De dar dó, esse cara.

Cansado de se fazer de forte.

Cansado de lutar contra o desânimo, a tristeza.

Cansado de ver que nada se resolve, nada acontece,

em boa parte por culpa própria, como bem sabe.

Cansado de si mesmo, de como lida com as coisas,

de como não se faz respeitar, 

por conta do coração generoso e molenga.

Vive com o filho adolescente que o tem como um

criado. 

Os outros dois mal tomam conhecimento 

de sua existência, menos mal, dele já não precisam.

Do amor nada mais espera, e vive tentando se convencer  

que é melhor assim.

Que o importante é a saúde, o ganha-pão, 

o que felizmente não lhe faltam.

Só que a vida não é só isso. 

Não para quem tem um buraco no coração, sofre de uma brutal

carência afetiva. 

Que carece de ser lembrado, de um ombro amigo,

interesse genuíno, e não da boca para fora, 

que é o que mais têm.


Pois é como ele se sente neste exato momento. 

Talvez amanhã passe, e volte ao "normal".

Cabeça erguida, fingindo não precisar de ninguém. 

Sem direito à fraquejar. 





 











 



                       QUE NOJO !





À vista dos fatos,

não posso deixar barato,

posto que tudo fede.

A grande farsa que se engendra

não é prerrogativa de pobre,

é um banquete de carne podre.


O notório vigarista volta à cena,

para retomar os despojos dos antigos saques,

no país em que o crime compensa.

Em que o mal impera, 

sem justiça, sem decoro, sem povo. 

Que nojo ! 



 

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