PRÊMIO DE CONSOLAÇÃO
Ando capengando, arrastando o corpo sempre cansado,
com a guerra quase perdida, no limiar da derradeira batalha,
talvez a mais árdua : manter a sanidade.
Um prêmio de consolação para poucos.
a gente sofre de teimoso
Às vezes é preciso se rebaixar
para sair por cima.
A consciência é feito morcego.
De tão feia, só aparece à noite.
Tudo é permitido, tudo é perdoado.
No mundo depravado, o certo é o errado.
Perca-se o orgulho, perca-se a dignidade.
Desde que não se perca o crédito.
A gente sofre de teimoso,
quando esquece do prazer.
(Guilherme Arantes)
Saiba, neném,
não divido você
com ninguém.
condição sine qua non
De fato,
quero mais do que você pode me dar.
O coração sem dono.
O corpo que dás a todos.
De fato,
quero mais do que você pode me dar.
Respeito e exclusividade
como condição sine qua non.
De fato,
quero mais do que você pode me dar.
Tê-la só pra mim.
Preito que ignoras.
Mas saiba, neném,
agora é pra valer.
Não divido
você com ninguém.
É pegar ou largar.
o direito de fraquejar
De dar dó, esse cara.
Cansado de se fazer de forte.
Cansado de lutar contra o desânimo, a tristeza.
Cansado de ver que nada se resolve, nada acontece,
em boa parte por culpa própria, como bem sabe.
Cansado de si mesmo, de como lida com as coisas,
de como não se faz respeitar,
por conta do coração generoso e molenga.
Vive com o filho adolescente que o tem como um
criado.
Os outros dois mal tomam conhecimento
de sua existência, menos mal, dele já não precisam.
Do amor nada mais espera, e vive tentando se convencer
que é melhor assim.
Que o importante é a saúde, o ganha-pão,
o que felizmente não lhe faltam.
Só que a vida não é só isso.
Não para quem tem um buraco no coração, sofre de uma brutal
carência afetiva.
Que carece de ser lembrado, de um ombro amigo,
interesse genuíno, e não da boca para fora,
que é o que mais têm.
Pois é como ele se sente neste exato momento.
Talvez amanhã passe, e volte ao "normal".
Cabeça erguida, fingindo não precisar de ninguém.
Sem direito à fraquejar.
QUE NOJO !
À vista dos fatos,
não posso deixar barato,
posto que tudo fede.
A grande farsa que se engendra
não é prerrogativa de pobre,
é um banquete de carne podre.
O notório vigarista volta à cena,
para retomar os despojos dos antigos saques,
no país em que o crime compensa.
Em que o mal impera,
sem justiça, sem decoro, sem povo.
Que nojo !
o quanto sei de mim Faço do meu papel o sonho de um desditado. Cavalgo unicórnios a passos lentos, para que o go...