sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023




As mudas germinam no lodo eivado de abusos.

Fadados a ser ramos ou estopins.

A flor que medra na aridez ignora o sol.

Flor que a beleza não alcança.



 



Os dias se repetem.

Tudo parece igual.

Ledo engano.

Só são iguais para quem não consegue ver 

além do trivial.

Para quem estacionou na mesmice.

Acampado na miséria.



 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023


                           

                           achismo



 




O mundo das coisas vastas prodigaliza o breve clímax.

Explica-se no achismo. Debulha os paradigmas.

Nau no porto, de passagem e a serviço.

Ataraxia é o meu ponto fraco.

Na ponta da língua, o malogro fecunda a matéria dormente.

Persona grata dispensa exéquias.

Tudo se resolve por exclusão.

Um homem sozinho vive de artifícios.

Aqui é onde assaz se desfaz o inaudito, em prol

das lides incontroversas. 

Um jogo de contrários exclui o contraditório.

Amores e ódios andam lado a lado, às vezes se distraem

e trocam de lado.

A lua homizia sarjetas.

Inúteis borboletas adotam ermos jardins.

Vilezas humanizam o mundo das coisas castas.

Nada mais fácil do que descartar alguém.

Por ignorância, discriminação, despeito.

Motivos não faltam.

Sofismas enganam a mente.

A lucidez é quase uma ilação de demência.

Ser normal é uma excrescência.
















 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023



                  sem direito de errar





Não se iluda, o amor é a maior das enganações.

É lindo enquanto dura, mas se desfigura ao longo do tempo.

Inebria e lacera com sua linguagem de cantos

e de guerras.

Para que o escutes, adelga-se em vigílias de angústias 

e volutas de desejos.

Brinca e se fecha como uma flor noturna para acalentar 

o desconhecido.

Joga, se opõe, germina em terra dura, enquanto a vida

escorre pelos cantos e os segundos destilam pressa.

Mora em ti na ilusão de querer sem questionamentos.

Livre, sem precisar de muros, grades, arame farpado,

só deseja mutilar-se.

Seu fruto traz as sementes que sincronizam 

todos os elementos.

Sem distinções, nos faz idênticos.

Eternos aprendizes sem direito de amar.











domingo, 12 de fevereiro de 2023


                                   como dois animais



Nada é como devia ser.

Bravo amor que corrói. 

Sentimentos desiguais, 

que não conseguem conviver em paz.


Às vezes só o amor não basta.

Às vezes ser bom não é suficiente.

Quando o sentir fica em segundo plano.

E as superficialidades se aprofundam, 

em amanheceres repletos de segredos.


Desconfianças afoitas ferem e mutilam.

De tanto ir do céu ao inferno num instante,

exausto de tentar, 

desejaria nunca ter te conhecido.





 




Afago a tua ausência

como quem

suborna a solidão. 


                 A saudade se alastra

                dia adentro.

            Esquivando-se da tristeza.


Saber reerguer-se

e a cada passo, ir além das estradas

de ontem,

e os vazios de hoje.

Para abraçar o novo.


              





sábado, 11 de fevereiro de 2023



                    

                  o que importa é a essência





Não queira ser o que não é.

Não inveje sequer a formosura alheia.

Pois o que importa é a essência.

Nenhuma beleza se sustenta além do tempo.

Mas o que vai por dentro, sim.

Não queira ser como a rosa,

que impera bela e radiosa enquanto no jardim.

Mas quando posta num vaso,

logo murcha e morre.

E como tudo na vida,

é jogada fora.






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