segunda-feira, 4 de junho de 2018



                      
                              PRISIONEIROS





Somos prisioneiros de nós mesmos.
Confinados no calabouço da mente.
Condenados a pagar o preço de nossos 
pecados e limitações.

Somos passageiros do trem desgovernado da vida.
Na bagagem, nossas culpas, nosso desamor,
e um bilhete para o inferno.

Somos o que somos.
O bem e o mal nos espreitam a cada esquina,
mudam de lado conforme as circunstâncias.
Ninguém é melhor do que ninguém.
Basta nascer ou estar no lugar errado.

O padre pedófilo, o governante corrupto,
o juiz venal, o marido infiel.
Tudo barro do mesmo pó.
Farinha do mesmo saco.
Somos podres por dentro.
Apodrecemos a medida que envelhecemos,
que nos sujeitamos às condições reinantes.
Só as crianças são inocentes.
Mas por pouco tempo.
Enquanto não crescem
e aprendem o que não deveriam aprender.
A discriminar, odiar,
que o mundo é injusto e mau.
Que viver na virtude é uma batalha perdida.
Que se manter íntegro e digno
bem poucos conseguem.
E bem poucos merecem 
ser chamados de filhos de Deus.
Se é que Deus se importe.
Se é que há um Deus...







sexta-feira, 1 de junho de 2018



               AS PUTAS NÃO TEM CULPA 





Tenho um profundo respeito pelas prostitutas. Sempre que precisamos, ou nas situações extremas, elas nos salvam. Ao quebrar o nosso galho, como se diz, permitem que sigamos em frente, relevemos as insatisfações com a vida conjugal, salvando as aparências não obstante as mil dificuldades para satisfazer e dar conta das responsabilidades do casamento. E o mais importante : sem que isso afete as obrigações e o apreço pela família. Inclusive pelo lado financeiro,  pois como bem observou o filósofo Luiz Felipe Pondé, o custo-benefício das prostitutas é incomparável. 

Sei muito bem que pode parecer cafajestada, sem-vergonhice de minha parte admitir isso assim na cara dura. Mas, hipocrisia à parte, todos sabem a importância do sexo num casamento que se preze, e de como a sua falta, por um motivo ou outro, acaba inevitavelmente repercutindo na relação em geral. Um casal pode se dar às mil maravilhas na aparência, mas se não houver correspondência e afinidade na vida sexual, tudo não passa de uma grande farsa, um faz de contas que cabe a cada qual administrar. Ou continuar fingindo. 

Por estas e outras me sinto compelido - a essa altura dos acontecimentos, pouco me lixando para os que os outros pensem ou deixem de pensar -, a render minhas homenagens àquela que é tida e havida como a profissão mais antiga da humanidade, a prostituição. Uma palavra feia, depreciativa, normalmente associada ao nível mais degradante a que alguém pode chegar, homem, mulher ou congeneres, mas a meu ver, injustamente discriminada se levarmos em conta o sem-número de atenuantes e benefícios que proporcionam. 

E não só na forma do já mencionado quebra-galho, tão necessário para o homem comum, saudável, carente de uma visa sexual minimamente satisfatória. Porque, vamos e venhamos, casar, juntar os trapos, viver a dois, para depois ver a vida sexual limitada a voyerismo e masturbação, não só é frustrante e antinatural como, isto sim, altamente degradante. Situação que mesmo invariavelmente causada e até estimulada pelas digníssimas esposas, por motivos ene, não impede que o homem eventualmente flagrado em tal pecado, caia em grave e imperdoável desgraça. 

Um estado de coisas que as convenções e o falso moralismo frequentemente conduzem a um beco sem-saída, na medida que, ou a pessoa se conforma com o celibato, ou recorre as tais mulheres da vida fácil, que de fácil nada tem. Sim, pois no fundo trata-se de verdadeiras heroínas, que não só disponibilizam indiscriminadamente seus favores sexuais, sem quaisquer exigências ou cobranças a não ser o devido cachê, como de certa forma quebram também o galho das esposas ou companheiras já normalmente indispostas e indiferentes ao chamado rala e rola. Que, como se sabe, declina naturalmente no passar dos anos.

Pode soar como um disparate, mas são coisas que no fundo todo mundo sabe que é assim mesmo que funciona. Que por mais machista e chauvinista que pareça, o fato é que as necessidades de ordem sexual do homem e da mulher são diferentes e até divergentes.  Não sou eu que afirmo, há uma infinidade de estudos e pesquisas segundo os quais a libido de ambos se manifesta distintamente, o homem mais sujeito ao apelo visual e instintivo, a mulher movida pelo lado emocional, e por isso mesmo menos tentada à aventuras ocasionais. 

Em suma, na escala de prioridades de ambos, o sexo tem muito mais relevância para o homem do que para a mulher, não só pela simplória justificativa do instinto masculino mas, principalmente, por questões de carência, auto-estima, auto-afirmação. Daí o apelo quase irresistível da infinidade de opções do próspero ramo da prostituição.

Ainda que se entenda perfeitamente a rejeição da sociedade a essa laboriosa classe de prestadoras de serviço, que é o que realmente elas são, chegam a ser risíveis a discriminação, o preconceito e o menoscabo ao papel fundamental que as prostitutas exercem desde sempre. Não é à toa, aliás, que antigamente muitos pais mais conscientes e ciosos de seu papel, levavam seus varões para perder a virgindade na chamada zona, com as profissionais do sexo, exatamente para que isso ocorresse sem traumas ou preocupações com desempenho.

Algo que hoje em dia soa como uma verdadeira piada, sabendo-se que a iniciação começa cada vez mais cedo, muitas vezes no próprio âmbito doméstico, quando não em ambientes muito mais promíscuos e insalubres do que os velhos puteiros de guerra, como nas orgias e surubas dos bailes de funk, ao ar livre ou onde der na telha, que pudor e recato positivamente não fazem parte da cartilha dessa geração perante a quais as meretrizes parecem freiras.

Não falo nenhum novidade, estou apenas divagando sobre um assunto que permanece como tabu em tempos em que ninguém mais liga para nada. E que por isso mesmo, não deveria ser usado ou levado ao extremo de execrar a quem eventualmente, ou mesmo usualmente, dependendo da situação, recorre a esse tipo de serviço. Algo que, como se disse, se configura não só uma válvula de escape como verdadeira salvação de casamentos em que, por um motivo ou outro, a vida sexual foi negligenciada ou descartada, sem que o casal queira se separar ou tenha deixado de se amar. 

Conviver ou não com esse espécie de acordo velado vai de cada casal, cada qual com suas razões e peculiaridades, e é compreensível que muitas mulheres não aceitem e rejeitem tal coisa, por se sentirem desrespeitadas, ultrajadas,ainda que dando motivo para tanto. Mas seja como for, há que no mínimo se dialogar a respeito. Atinar com as causas da maneira mais honesta possível, para que fique claro se há justificativas plausíveis para tal hábito, algum tipo de vício ou compulsão, ou coisa mais grave e aí sim, imperdoável, como promiscuidade, mau-caratismo. Ou pura e simplesmente, que o amor acabou. 

Imbróglios nos quais, em todo caso, as putas não tem qualquer culpa no cartório. 
   

        



       





   


                         














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