quinta-feira, 3 de dezembro de 2020



                       os deuses não perdoam





Os amigos, conta-se nos dedos.

Os prazeres, bruxuleiam como tocos de vela.

Os amores, sepultam-se todos os dias.

Assim fenece toda gloriosa existência.

Fadada a sentença e esquecimento.

Sem qualquer livramento.

A não ser viver a vida sem viver.

Em dádivas que nem sabem que são dádivas. 

Na opulência mesquinha, ante a miséria do mundo, 

ai de quem ousa ser feliz.

Os deuses não perdoam. 






Das trevas fez-se a luz.

E o que eu vi,

cegou-me.


 

terça-feira, 1 de dezembro de 2020



No topo do mundo, nada mais importa.

Tudo se desfaz, se liquefaz 

à vista das estrelas.

E o Deus inventado

enfim

se revela.


 



O amor renasce, assim, desajeitado.

Aos poucos, o coração arredio

se desarma.

E como previsto,

mais uma vez se fode.


 




               mamãe está off


Palavras.

Quando mais preciso delas,

me faltam.

Incapazes de reestabelecer

a antiga conexão.

Infelizmente, para mim,

mamãe está off.


 

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