terça-feira, 25 de maio de 2021



                 até quando ?




 

Vítima infeliz de vícios e mazelas,

o povo padece.

Espoliado, esfaimado, grita por socorro

mas ninguém ouve.

Inerte por vocação, entorpecido por insidiosas

crenças, nada faz, nada consegue fazer.

Nos faltam hombres de cojones, gente de moral,

os nossos estadistas são de meia-tigela.

Cagam na cabeça da gente e nada acontece.

Nem um simples retesar de músculos,

nada além de muxoxos repletos 

de atavismos inúteis.


Triste nação de raça sem brio,

desonras teu berço de valorosas e

extintas tribos : Timbiras e Tupis eternizados

nos versos geniais do bardo Gonçalves Dias.

O que foi feito de ti, Pátria amada e idolatrada ?

O que fizerem de ti, ao longo dos tempos, 

para aceitar

assim, resignadamente, tão improba sorte ?

Tuas mãos calosas não te redimem.

Te ressentes do sangue que não foi derramado,

da honradez suprimida ao longo do lento e

infausto vilipêndio.


Ó terra de desvarios, atolada na merda, 

é sempre velha a nova realidade que te cerca.

Aviltado por governantes e mentores 

inescrupulosos. 

Achacada por políticos da laia de reles 

salteadores de estrada

Nação que não obstante grande e generosa,

não consegue se livrar de recorrentes pilhagens.

Vendo, impotente, suas riquezas dizimadas,

matas e rios seculares em silencioso holocausto.


Até quando ?





 



 









 


 

sábado, 22 de maio de 2021




                 Não há saber que baste





Abri mão de meu destino brilhante

Para ser o idiota vacilante

Que trocou tudo por vã sabedoria.

Que se deleita em servir de ponte

Para a humana convivência.

Para o quê não há saber que baste. 





 


                 causas estúpidas



 


Ninguém repara nos pardais, 

esses pássaros vulgares e subestimados,

como tantas coisas na vida.

Ignora-se o bem que fazem.

Como a China aprendeu da pior forma possível,

quando o iluminado Mao ordenou que fossem

exterminados, 

e milhares de súditos morreram de fome,

em face das pragas que se disseminaram.


O mesmo descaso paira sobre soldados,

trabalhadores, serviçais, toda espécie de escravos

anônimos que lutam, se sacrificam,

morrem por causas estúpidas.

Meras peças

da engrenagem insana que move a humanidade.

Os pardais ao menos são livres

para voar. 



sexta-feira, 21 de maio de 2021

 



   o resto do resto




Não há remédio para os males que nos assolam.

Tudo se esgarça e fenece nesse mundo insano. 

Só o que sobra é o resto do resto

da louca quimera de ser feliz. 







Ter um ganha-pão.

Um trabalho digno.

É a maior e mais básica ambição 

de quem

não nasceu para ser parasita.



 




"Bem sei que para meus pecados

desculpa não há. 

Em minha campa há de ficar

gravado :

"Aqui jaz um infeliz que antes de enganar,

a si mesmo enganou..."

(Camposamor)




quinta-feira, 20 de maio de 2021



             brincando de não morrer




Na noite não muito iluminada

Uma poesia bem suburbana

Falaria da luz de pirilampos

A evocar os frágeis liames da infância.


Mas na solidão atemporal

Sutis caminhos de íntimos gozos

Enfim se despem da dependência.

Como uma flor que muda para o fruto.


São tempos sombrios. 

Lave-se da alma a mitologia dos desejos. 

Cumpra-se os dias como se fossem os últimos.

Sufocando a revolta.

Brincando de não morrer.

Ainda que a desdita, à solta,

"tão resoluta venha e carregada,

que põe nos corações um grande medo." ( adap. Camões) 




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