sexta-feira, 9 de março de 2018



Um dia como qualquer outro nunca é como outro qualquer.





                       OBITUÁRIO





Não é mais o caso de pedir perdão.
Tampouco de fazer vistas grossas,
fingir que está tudo bem.
Esperar por compreensão.
Há que enfrentar a realidade nua e crua,
esgotado o diálogo, a paciência,
de tanto que o nosso discurso se desgastou.

Eu não mudo.
Você não muda.
O resto é papo furado.

Também não é o caso de pensar
no que pode ser feito, corrigido.
Posto que já não pode ser remediado o que 
não carece de remédio,
e sim de obituário.


quinta-feira, 1 de março de 2018

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

                  

                         escambo

Vivemos sob o signo do escambo. 
Do toma-lá-dá-cá escrachado e deslavado. 
Ninguém faz nada sem vislumbrar algo em troca. 
De preferência, em espécie. 





terça-feira, 27 de fevereiro de 2018





                      




O moleque tem fome. 
O indigente tem fome. 
A fome nos rodeia.
Mais da metade da população mundial passa fome. 
Também pudera, com a riqueza do mundo 
concentrada nas mãos de 10% das pessoas. 
Com a grande maioria ganhando menos do mínimo 
necessário para viver com dignidade. 
Vivendo em locais insalubres, 
sem acesso à educação, assistência médica, 
saneamento básico. 
À mercê de governantes, milícias, grupos extremistas 
inescrupulosos e violentos.

Situação que só tende a piorar. 
Com os conflitos que se agravam 
no cíclico recrudescimento da beligerância, 
sob os pretextos de sempre. 
Com as reservas de água potável cada vez mais escassas. 
As mudanças climáticas 
acentuando o processo de degradação ambiental, 
comprometendo as safras agrícolas e a produção de alimentos.
Vírus, bactérias, cepas de doenças desconhecidas 
e letais dizimando pessoas como moscas.

Contexto no qual o aumento da miséria e dos conflitos 
étnico-raciais e hegemônicos 
incrementa ainda mais o êxodo migratório. 
E consequentemente, o drama dos guetos 
e campos de refugiados que envergonham a civilização. 
Que por sua vez, continuará sofrendo com a violência 
e o terror disseminados nos grandes centros urbanos.
Sinistro. 
E quando a peste se espalhar, cobrindo de luto 
o céu da humanidade, saberemos por quem 
os sinos dobram.
Hemingway estava certo.





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