quarta-feira, 5 de dezembro de 2018
a travessia
Na tragicomédia em que se transformou minha vida, o último capítulo está me deixando encafifado, com a pulga atrás da orelha. Não sou de me impressionar facilmente, cético como a vida me levou a ser, mas o que vem se passando comigo na madrugada dos últimos três dias, é no mínimo perturbador.
Imagine que mais ou menos no mesmo horário, entre 3 e 3,30 horas, venho tendo um sonho recorrente com meu falecido pai. O enredo não recordo bem, mas chega um momento em que a figura de meu pai aparece, em meio a uma névoa, vestido com uma espécie de túnica, e sua presença faz meu coração disparar.
Sinto uma espécie de sufocamento e choro convulsivamente, ao que ele, sem dizer uma palavra, apenas com o olhar sereno e gestos tranquilos, me passa uma sensação de paz que imediatamente me acalma e alivia.
Acordo em seguida, ainda com o rosto molhado de lágrimas, e entre emocionado e atônito, fico a me perguntar o significado disso. Três noites seguidas o mesmo sonho, alguma coisa certamente quer dizer.
Como minha extra-sistóles anda novamente dando seus pinotes, mormente à noite, quando as preocupações e amarguras afloram a todo vapor, talvez seja um modo de meu cérebro me acalmar, trazendo de volta a figura de meu amado pai. Ou quem sabe seja o espírito dele mesmo, vindo me preparar para a travessia que se avizinha.
Ainda é cedo, meu velho, mas se tiver que ser, que alegria não seria tê-lo a minha espera para uma nova vida.
terça-feira, 4 de dezembro de 2018
feiticeira e trapaceira
Moça bonita,
sorriso contagiante,
olhar de Capitu,
dissimulado e oblíquo.
Foi muito bom te conhecer.
Aprendi muito com você.
Sobretudo, que em ninguém se pode confiar.
ainda mais moça bonita,
de sorriso contagiante.
olhar de Capitu,
dissimulado e oblíquo.
Feiticeira e trapaceira...
Menos mal que, dessa vez,
ciente de que era bom demais para ser verdade.
Sabedor de que era certo outro engano.
ainda mais sendo moça bonita,
de sorriso contagiante,
olhar de Capitu, dissimulado e oblíquo
Feiticeira e trapaceira...
segunda-feira, 3 de dezembro de 2018
fim de festa
Com inexata precisão traço meu rumo,
redijo meus versos, abro meu caminho.
Com irresoluta determinação, cumpro com
minhas obrigações.
Encaro os moinhos de vento.
Travo minhas batalhas inglórias.
E reconsidero, reitero, rumino e regurgito as coisas
Encaro os moinhos de vento.
Travo minhas batalhas inglórias.
E reconsidero, reitero, rumino e regurgito as coisas
impossíveis que procuro em vão.
No encalço de tudo que corrompe,
nada faz sentido.
Tudo se perde, se subverte.
Curar-me de ser quem sou
No encalço de tudo que corrompe,
nada faz sentido.
Tudo se perde, se subverte.
Curar-me de ser quem sou
é só o que me resta.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
o que é bom, é bom A vida leva tudo de roldão Nada se detém, nada se retém O que vale é viver o momento Não importa o...
-
BR 116 Na rodovia tantas vezes percorrida, expectativas, ilusões, planos na bagagem ...
-
o esplendor dos dias felizes A imaginação nos engana, nos trai. Mas o que seria da vida se não pudéssemos imaginar, so...
-
o velho amor O tempo, que é o mais longo dos caminhos, enxovalha e purifica, amaldiçoa e beatifica. Nos autos...




