Fazer as coisas certas
pelos motivos errados,
merece castigo ?
voar não dói
Ontem, hoje, amanhã,
o que foi, o que tive, o que sou,
o que me sobrou...
Tempo e espaço que se combinam
no que vai, no que vem.
Bençãos e desgraças irmanados.
Incautos aqueles que amam
sem esperar o soco, o troco, o tiro.
Como se fosse possível amar sem brigar,
sem se estranhar,
sem se decepcionar.
Como se a gente pudesse combinar
de nunca se machucar.
Arre, não é assim que funciona.
Voar com as asas feridas dói.
Mas é preciso.
Porque é voando que a ferida cura.
Parar de escrever.
Por mais que eu queira,
não consigo.
Não enquanto não encontrar a linguagem em estado de pureza selvagem,como nos versos de Octávio Paz;ou falar o infalável como Goethe;dispor as melhores palavras na melhor ordem, a la Coleridge;
ou simplesmente, fingir que sinto a dor que deverasmente sinto,tipo Fernando Pessoa.
Se bem que isso eu já faço.
Então, me aguentem.
o quanto sei de mim Faço do meu papel o lenho da minha cruz. Cavalgo unicórnios a passos lentos, para que o gozo...