I V A N B E R G E R
Essa chuva na vidraça
pede um abraço.
Ou melhor ainda,
um amasso.
Quanta bobagem a gente pensa
quando entra em abstinência.
Tanta mudança
tanto tempo
sem sentir mais nada
oco por dentro
esse novo afeto
me pegou desprevenido.
Como uma cigarra velha
cantando pela primeira vez.
O tempo passa voando, levando
a vida que passou, ventando.
in vino veritas
Cara de pau eu,
propus a meu ex-amor
sermos meramente amantes.
Ela riu
e, educadamente, me ofereceu sua amizade,
como prêmio de consolação.
Culpei o vinho, pelo desatino.
Não colou, mas tinha que tentar.
In vino veritas...
Minha poesia chegou a um impasse.
Sem aquela dor antiga,
está mais para nonsense.
É fácil posar de herói, ainda que poucos
o sejam.
Difícil, raro, é quem assuma
ser um canalha, um cagão.
Que de resto, é o que a maioria é.
a noite eterna a noite eterna chega devagar a vida passa devagar até tudo passar e você de repente acordar sozin...