Coisas que levarei comigo
O aroma de café perfumando as manhãs de outrora.
Os raios riscando o breu de incontáveis noites.
As trovoadas retumbantes precedendo tantos temporais.
Os recitais de sapos e grilos nos brejos da infância.
O abraço calorosa da grossmutter inolvidável.
As águas turbulentas do Jacuí, a barragem do Fandango
da minha terra natal, Cachoeira do Sul.
A intimidadora (para os adversários) avalanche tricolor,
do sempiterno Olímpico.
As musas, as musas, que fizeram minha vida mais plena.
Meu pai, não por ser meu pai, a criatura mais doce que conheci.
Minha mãe, dona Dalila, santa e megera.
Minha irmã caçula Ingrid, cujo amor imensurável pelos filhos
só não a salvou da leucemia.
Os poucos amigos para todo o sempre, minha sempre presente
irmã Ivania.
Os momentos felizes (que foram muitos) dos meus dois casamentos.
Curitiba, que nunca foi fria comigo, muito ao contrário.
Santos, minha terra de adoção, onde vi crescer meus filhos,
onde fui amado e odiado, e bem ou mal ganhei a vida.
As peladas épicas dos sábados à tarde do Clube da Ponta.
O inigualável e sempre diferente por do sol da orla santista.
O gosto por estas mal traçadas que deram sentido a minha vida.
As férias de verão da juventude, no paraíso terrestre do Agudo.
As vezes em que literalmente nasci de novo. Salvo (só pode)
por meu incansável Anjo da Guarda.
A inigualável sensação de dever cumprido.