a causa de viver
Amargos dias se despedem dos numes terrestres.
Rarefeitas as lides, estagnados os passares mundanos,
a revoada dos sonhos deixa para trás a crosta pestilenta
das sagas merencórias.
Meu corpo, primeiro e derradeiro abrigo da alma seccionada,
madura em hortas esquecidas.
Entre a doçura das aragens e a azafama das colheitas, aduba
a consciência sobranceira.
Aqui é além do que meu penhor de incoerências remonta.
Sobrevivo ao pomar destruído
perdidamente devotado a causa de viver.
Minha terra macia de ternura
ainda anseia por amor.