sábado, 25 de fevereiro de 2023


                                        

                    carapaça luminosa




                                                                             

Estou aqui e não estou.

O que fiz da minha vida constela-me de estrelas

e naufrágios.

Meu coração cabotino foi um mau conselheiro.

Vereda aberta em que a frágil beleza do amor se emporcalhou.

Não obstante os infatigáveis sonhos, colheitas e frutos

o austero mundo consumiu, 

concomitantemente aos espaços corrompidos, enfim e no fim, 

de alguma forma redimidos.

Sigo sem saber para quê e para onde vou,

raspando a memória da realidade oca, refugo da minha história.

Desço aos arrabaldes da existência beirando os detritos

que me mantém vivo. 

O amor consignado ao vil preço das barganhas sexuais,

recusa a capitulação nada honrosa. Padeço mas já não sofro.

A luta perdida partilha o pão dos desejos gregários.

Dessa vez sem receios e remorsos vãos.

Estou só. A ninguém devo satisfações.

Apesar da erosão do tempo e da fadiga, a carapaça luminosa

de meu ser

ainda faz a vida valer a pena. 












 



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

                                       não acredite                         quando digo                        que te amo Não acredite quand...