carapaça luminosa
Estou aqui e não estou.
O que fiz da minha vida constela-me de estrelas
e naufrágios.
Meu coração cabotino foi um mau conselheiro.
Vereda aberta em que a frágil beleza do amor se emporcalhou.
Não obstante os infatigáveis sonhos, colheitas e frutos
o austero mundo consumiu,
concomitantemente aos espaços corrompidos, enfim e no fim,
de alguma forma redimidos.
Sigo sem saber para quê e para onde vou,
raspando a memória da realidade oca, refugo da minha história.
Desço aos arrabaldes da existência beirando os detritos
que me mantém vivo.
O amor consignado ao vil preço das barganhas sexuais,
recusa a capitulação nada honrosa. Padeço mas já não sofro.
A luta perdida partilha o pão dos desejos gregários.
Dessa vez sem receios e remorsos vãos.
Estou só. A ninguém devo satisfações.
Apesar da erosão do tempo e da fadiga, a carapaça luminosa
de meu ser
ainda faz a vida valer a pena.
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