domingo, 26 de fevereiro de 2023




                     a causa de viver





Amargos dias se despedem dos numes terrestres.

Rarefeitas as lides, estagnados os passares mundanos,

a revoada dos sonhos deixa para trás a crosta pestilenta

das sagas merencórias.

Meu corpo, primeiro e derradeiro abrigo da alma seccionada,

madura em hortas esquecidas.

Entre a doçura das aragens e a azafama das colheitas, aduba 

a consciência sobranceira.

Aqui é além do que meu penhor de incoerências remonta.

Sobrevivo ao pomar destruído 

perdidamente devotado a causa de viver.

Minha terra macia de ternura

ainda anseia por amor.




 

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