quarta-feira, 29 de março de 2017




                           

                             ESQUECER DE SOFRER

 
Quem dera arrancar a amargura do peito e aquietar 
o espírito.
Exorcizar os demônios que me atormentam, para ter um 
pouco de paz.

Quem dera me livrar da tristeza que me assalta, trazendo 
lembranças de coisas mal-resolvidas e mágoas 
congeladas ao longo do tempo.

Quem dera reparar laços que julgava inquebrantáveis, 
que se  esgarçaram inexoravelmente.
Laços de amizade e de amor, que acreditava eternos.

Quem dera poder voltar no tempo, para repensar e refazer 
o caminho, sem tantos tropeços.

Quem dera esquecer de sofrer.

 

segunda-feira, 27 de março de 2017



                   
                     OS PERIGOS DA PÓS-MODERNIDADE






Mesmo sendo herdeiros de um mundo de infinitas possibilidades, como preconiza aquele anúncio publicitário, não invejo e de certa forma, até sinto pena das novas gerações. Não só por não poderem desfrutar de certos prazeres inerentes aos velhos tempos, os chamados anos dourados - os quais, penso eu, dispensam comentários -, mas, principalmente, por serem parte de um cenário notoriamente distópico e degenerado. 
Um cenário de transformações sócio-econômicas profundas, que vieram para o bem e para o mal, e do qual os discípulos dessa geração de jovens revolucionários são beneficiários e vítimas. Claro, pois se por um lado favorecidos por avanços tecnológicos cada vez mais sofisticados, por outro,  arcam e sofrem com o descompasso entre esse desenvolvimento avassalador e o claro rebaixamento cultural que caracteriza o que foi cunhado de era do espetáculo. 
Fenômeno responsável direto pelo desvirtuamento de valores e costumes, e simbolizado pela promiscuidade generalizada, pelo aprofundamento do fanatismo político-religioso, pelo jugo do hedonismo e narcisismo explícitos, e por aí afora.

Sem falar que não, obstante a conversão mundial à sistemas e dispositivos eletrônicos que desconhecem limites e fronteiras, esse verdadeiro Leviatã de Hobbes (1587-1666) pouco ou quase nada têm contribuído para diminuir o distanciamento e as seculares diferenças entre os povos. Muito pelo contrário : o uso maciço e massivo da parafernália eletrônica não só aumenta o isolamento das pessoas, como inauguraram uma nova e perigosa era : a da guerra cibernética.
Mas este é só um dos aspectos que faz do mundo de hoje um lugar muito mais complicado e perigoso de se viver. Pois em que pese toda comodidade, conforto e facilidades proporcionados pelos formidáveis avanços tecnológicos das duas últimas décadas, nada acontece sem contrapartidas e efeitos colaterais altamente danosos para as pessoas, e o planeta em geral. 
Creio ser ocioso enumerá-los aqui. Basta dizer que o próprio inchaço populacional do planeta, em contraste à gradual e aparentemente inexorável destruição ambiental, aliado a falência de doutrinas e modelos de controle político e social, e a perpetuação dos conflitos étnico-religiosos, continuam sendo questões mal-resolvidas que tornam o mundo cada vez mais volátil e hostil.

É certo que o processo civilizatório nunca foi exatamente tranquilo, e que a história da humanidade é repleta de conflitos, violência, genocídios. Eventos que hoje em dia de certa forma estão mais contidos, em função da maior visibilidade e de interesses inerentes a economia globalizada. Em contrapartida, a violência urbana, a pujança do crime organizado e a expansão do terrorismo, são os reflexo da degradação moral e ética estimulada pelos meios de comunicação. E catapultados pela Internet.
Liberalidade esta que não impede a Internet de ser a grande divindade da pós-modernidade, e cujo reinado promete se estender ad infinitum, mas que para as novas gerações implica na renúncia tácita a valores tradicionais, e a um modo de vida mais sadio e saudável. Seja em termos de lazer, alimentação, como de relacionamentos.
Se a troca valeu a pena, só o tempo dirá. Mas de qualquer forma, cabe a nós, pais, e particularmente de filhos pequenos ou adolescentes, não só acompanhar de perto, dosar a coisa, e sobretudo, mostrar que a vida verdadeira está lá fora. Que é preciso não confundir a ficção e o mundo virtual com a dura realidade que nos cerca.
Uma realidade que exige toda a sorte de cuidados e precauções, em função dos perigos exponencializados exatamente pela liberalidade e facilidades reinantes.
    


sexta-feira, 24 de março de 2017



                                     O CARAPUCEIRO




Ninguém gosta de ser coadjuvante, mesmo não tendo talento para ser protagonista. Ninguém gosta de ficar no ostracismo, mesmo não tendo aptidões para se destacar. Ninguém gosta de perder, mesmo não tendo méritos para vencer.
Ninguém gosta de ser criticado, mesmo quando errado. Ninguém gosta de ser contrariado, mesmo metendo os pés pelas mãos. Ninguém gosta de ser incompreendido, mesmo sendo um trapalhão. Ninguém gosta de levar porrada, mesmo fazendo por merecer. Ninguém gosta de ser excluído, mesmo não acrescentando nada. Ninguém gosta de ser dispensado, mesmo não fazendo falta.
Ninguém gosta de sofrer, mesmo sendo masoquista. Ninguém gosta de levar uma vida de merda, mesmo não fazendo nada para mudar. Ninguém gosta de tomar um fora, mesmo aprontando pra caramba. Ninguém gosta da cara feia, mesmo vivendo de cara amarrada. Ninguém gosta de mentira, mesmo sendo um farsante inveterado. 
Ninguém gosta de tomar prejuízo, mesmo bancando o otário. Ninguém gosta de perder, mesmo não jogando nada. Ninguém gosta de gente mal-educada, mesmo sendo a antipatia em pessoa. Ninguém gosta de ser injustiçado, mesmo tendo culpa no cartório. Ninguém gosta de ser hostilizado, mesmo pisando no calo alheio. Ninguém gosta de ser acuado, mesmo cutucando a onça com vara curta. 
Ninguém gosta de ser cobrado, mesmo devendo na praça. Ninguém gosta de ver seu time perder, mesmo em sendo um bando de pernas de pau. Ninguém gosta de mulher feia, mesmo sendo careca e barrigudo. Ninguém gosta de estar duro, mesmo não gostando de trabalhar. Ninguém gosta de ser zoado, mesmo só falando disparates. Ninguém gosta de ser xingado, mesmo sendo boca dura e malcriado. Ninguém gosta de ouvir certas verdades, mesmo não tendo um pingo de razão. 
Em suma, ninguém gosta de ser ignorado ou deletado, mesmo sendo um provocador inato e carapuceiro de ofício.





terça-feira, 21 de março de 2017

                               


                                                     cansado 


                                                                   

                                                             
Cansado 
Cansado de tudo 
Cansado de ser cobrado
Cansado de ser incompreendido
Cansado de dar murro em ponta de faca
Cansado de remar contra a maré
Cansado de ser saco de pancada. 
Cansado de nada dar certo
Cansado de estar sempre me justificando
Cansado de ser ignorado
Cansado de ser mal interpretado
Cansado de falsidade
Cansado de ingratidão
Cansado de esperar em vão
Cansado de carregar o piano sozinho
Cansado de tocar o piano
Cansado do piano
Cansado de tudo
Cansado de mim 
Cansado...













                                   





                

Curta intensamente os bons momentos da vida,
porque eles são curtos.

           Valorize os momentos ruins, porque são os que mais 
           ensinam e há que se tirar proveito deles, 
           ao menos como consolo.

Não espere ajuda nem compreensão de ninguém,
para não se decepcionar e quebrar a cara, 
pois como reza a lei de Murfhy, 
de onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo.

         Não conte com o fator sorte, com a ajuda divina 
         ou qualquer tipo de mandinga, que o diabo está no comando,
         e costuma cobrar caro por qualquer concessão.

Não se faça de vítima ou coitadinho, e nem culpe a vida, 
nem ninguém, por problemas que no mais das vezes,
são de sua única e inteira responsabilidade.

             Ouça mais e fale menos, que assim não só evitará a fama
             de chato como subirá no conceito das pessoas. 
             Desde que não as contrarie, é claro. 

Seja educado, prestativo e generoso, que não se perde 
nada com isso, e de quebra, passa a ser visto 
como um bom sujeito. Mesmo não sendo. 



          


  









 

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