segunda-feira, 27 de março de 2017



                   
                     OS PERIGOS DA PÓS-MODERNIDADE






Mesmo sendo herdeiros de um mundo de infinitas possibilidades, como preconiza aquele anúncio publicitário, não invejo e de certa forma, até sinto pena das novas gerações. Não só por não poderem desfrutar de certos prazeres inerentes aos velhos tempos, os chamados anos dourados - os quais, penso eu, dispensam comentários -, mas, principalmente, por serem parte de um cenário notoriamente distópico e degenerado. 
Um cenário de transformações sócio-econômicas profundas, que vieram para o bem e para o mal, e do qual os discípulos dessa geração de jovens revolucionários são beneficiários e vítimas. Claro, pois se por um lado favorecidos por avanços tecnológicos cada vez mais sofisticados, por outro,  arcam e sofrem com o descompasso entre esse desenvolvimento avassalador e o claro rebaixamento cultural que caracteriza o que foi cunhado de era do espetáculo. 
Fenômeno responsável direto pelo desvirtuamento de valores e costumes, e simbolizado pela promiscuidade generalizada, pelo aprofundamento do fanatismo político-religioso, pelo jugo do hedonismo e narcisismo explícitos, e por aí afora.

Sem falar que não, obstante a conversão mundial à sistemas e dispositivos eletrônicos que desconhecem limites e fronteiras, esse verdadeiro Leviatã de Hobbes (1587-1666) pouco ou quase nada têm contribuído para diminuir o distanciamento e as seculares diferenças entre os povos. Muito pelo contrário : o uso maciço e massivo da parafernália eletrônica não só aumenta o isolamento das pessoas, como inauguraram uma nova e perigosa era : a da guerra cibernética.
Mas este é só um dos aspectos que faz do mundo de hoje um lugar muito mais complicado e perigoso de se viver. Pois em que pese toda comodidade, conforto e facilidades proporcionados pelos formidáveis avanços tecnológicos das duas últimas décadas, nada acontece sem contrapartidas e efeitos colaterais altamente danosos para as pessoas, e o planeta em geral. 
Creio ser ocioso enumerá-los aqui. Basta dizer que o próprio inchaço populacional do planeta, em contraste à gradual e aparentemente inexorável destruição ambiental, aliado a falência de doutrinas e modelos de controle político e social, e a perpetuação dos conflitos étnico-religiosos, continuam sendo questões mal-resolvidas que tornam o mundo cada vez mais volátil e hostil.

É certo que o processo civilizatório nunca foi exatamente tranquilo, e que a história da humanidade é repleta de conflitos, violência, genocídios. Eventos que hoje em dia de certa forma estão mais contidos, em função da maior visibilidade e de interesses inerentes a economia globalizada. Em contrapartida, a violência urbana, a pujança do crime organizado e a expansão do terrorismo, são os reflexo da degradação moral e ética estimulada pelos meios de comunicação. E catapultados pela Internet.
Liberalidade esta que não impede a Internet de ser a grande divindade da pós-modernidade, e cujo reinado promete se estender ad infinitum, mas que para as novas gerações implica na renúncia tácita a valores tradicionais, e a um modo de vida mais sadio e saudável. Seja em termos de lazer, alimentação, como de relacionamentos.
Se a troca valeu a pena, só o tempo dirá. Mas de qualquer forma, cabe a nós, pais, e particularmente de filhos pequenos ou adolescentes, não só acompanhar de perto, dosar a coisa, e sobretudo, mostrar que a vida verdadeira está lá fora. Que é preciso não confundir a ficção e o mundo virtual com a dura realidade que nos cerca.
Uma realidade que exige toda a sorte de cuidados e precauções, em função dos perigos exponencializados exatamente pela liberalidade e facilidades reinantes.
    


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