sexta-feira, 26 de maio de 2017



                    
                                  

                                      FRUTA MADURA





As garotas de hoje são como fruta madura
a beira da estrada.
São fáceis, acessíveis, quando assim o querem.
Quando se interessam por alguém.
Que só não pode ser um zé-ninguém, naturalmente.
Muito pelo contrário.

Não se pejam em ser liberais.
Marias-chuteiras, macacas de auditório,
são fissuradas em qualquer celebridade.
Vulgaridade à flor da pele, dão tudo, 
fazem literalmente de tudo,
desde que o investimento valha a pena, naturalmente.
Beleza pouco importa.
Grana, fama, status, eis a escala de prioridades em voga.



As garotas de hoje querem ser iguais aos homens.
Ter os mesmos direitos.
Nada mais justo e natural.
Na putaria reinante,
tudo bem confundir sensualidade com libertinagem.
Achar bacana ser vulgar, sacana.
Rebolar na boquinha da garrafa,
exibir os dotes feito carne no açougue...
Sexo como moeda de troca, qual o problema ?

As garotas de hoje querem curtir a vida.
E não estão nem aí para o que os outros acham.
Para as aparências. 
Meninas, querem ser mulheres.
Mulheres, querem ser meninas.
Fazem de tudo para ser apreciadas, desejadas, 
gostosas como fruta madura, a beira da estrada.
Se bichadas ou tem marimbondo no pé, 
só pagando pra ver. 





  


terça-feira, 16 de maio de 2017



                          
                 TUDO OU NADA 
  


QUEM MUITO TEM, NADA TEM
CEDO OU TARDE TUDO ACABA
IGUAL PARA TODO MUNDO
NO ALÉM E SEM UM VINTÉM

O QUE EU TENHO É POUCO
MAS É MELHOR QUE NADA
PORQUE QUEM TUDO QUER
ACABA FAZENDO TRAPALHADA.


O QUE EU QUERO NÃO É MUITO
MAS TAMBÉM NÃO É POUCO
PORQUE O POUCO PODE SER MUITO
QUANDO SE GANHA COM O SUOR DO ROSTO.

TER POUCO OU MUITO NÃO FAZ DIFERENÇA
QUANDO SE PERDE A NOÇÃO DAS COISAS
PORQUE O QUE TEM MAIS VALOR
DINHEIRO NENHUM COMPRA.

NÃO TENHO MUITO NEM POUCO
MAS O POUCO QUE TENHO VALE MUITO
PORQUE O QUE EU NÃO TENHO
NÃO VALE MINHA PAZ DE ESPÍRITO. 

SE O QUE EU TENHO É POUCO OU MUITO
DEPENDE DO PONTO DE VISTA
PODE SER POUCO PARA QUEM TUDO TEM
E MUITO PARA QUEM CONQUISTA



  
















sábado, 13 de maio de 2017



            
NADA A FAZER

Não há nada que se possa fazer
quanto ao que não pode ser desfeito.
Nada que possa mudar  
o que não pode ser mudado.
Nada a fazer frente ao intangível, ao irremediável.
Nada que possa demover o irredutível.
Recuperar o insanável.
Relevar o imperdoável.
Restabelecer a confiança perdida.
O amor exaurido em armadilhas domésticas.
Laços fraternos e amorosos vergastados 
pela chibata inclemente do tempo.
Não há nada que se possa fazer
quando o tempo de fazê-lo passou.









quinta-feira, 4 de maio de 2017



                          

               DA BOCA PARA FORA



À luz dos fatos, da esbórnia reinante, salta à vista
a desimportância de tudo que é importante.
A irrelevância de tudo que é relevante. 
O valor do que é desvalorizado, depreciado. 
Que vem a ser os valores outrora vigentes e considerados.

Cabe não relevar a motivação dos covardes, dos omissos.
O apelo da sinecura, das rebordosas, mesmo as mais
pusilânimes e recalcitrantes.
E subentender que o arrebatamento, o pecado sem arrependimento,
sem comedimento,
vem a reboque do status quo 
que privilegia o ignominioso, o reprovável, o condenável.

Em face do quê, não serei eu a exaltar o amor, a virtude, 
o politicamente correto.
Hoje não. Ao menos no papel 
também quero ter o direito de fraquejar,
compactuar com o vício e as fraquezas, 
de despautérios e vexames. 
Igualado e igualmente humano,
louvar as derrotas, os derrotados. 
Me ombrear aos fracos e oprimidos, 
aos embusteiros e caloteiros, que malgrado as transgressões, dormem o sono dos justos.
Não, hoje não serei a palmatória do mundo, 
o dedo em riste,
muito menos o dono da verdade. 
Concedo-me o direito de ser fraco, 
falso, hipócrita. De trapacear. 
De dar o troco na mesma moeda.
Ser como todo mundo.   
Com a consciência tranquila da boca para fora 




terça-feira, 2 de maio de 2017

                          


                          É FATO



É fato que se pode amar, doar-se, 
fazer de tudo para que as coisas deem certo, 
e às vezes nem assim funcionem. 

É fato que erros e imperfeições, inerentes a cada um, 
acabam por sabotar os esforços, 
e até mesmo se sobrepor a tudo de bom
que tenha acontecido, que se tenha feito. 

É fato que quando o todo é tomado por um episódio 
isolado,
nem sempre é possível contornar, 
impedir que as coisas desandem.

É fato que, quando o conjunto da obra é comprometido
por um acorde fora de tom, 
antecedentes manchados por algum tropeço esporádico, 
os resquícios de desconfiança e dúvidas 
sempre acabam vindo à tona, falando mais alto.

Pode-se eventualmente até desculpar, relevar, 
mas esquecer, jamais. 
E o que parecia uma fortaleza indevassável, 
de repente não passa de um frágil castelo de areia.
De fato, é fato. 






    

segunda-feira, 1 de maio de 2017





                          EXISTO, LOGO PENSO
                       
                         





Existo, logo penso na trágica sina de sofrimento, morte e destruição que a humanidade se auto-inflige.

Existo, logo penso nos conflitos seculares, hegemônicos, étnico-raciais que persistem, sem qualquer sinal de apaziguamento.

Existo, logo penso nas milhares de pessoas que tombam nas guerrilhas urbanas, ensejadas pelo flagelo das drogas, e cujo combate tem sido inútil, em função da crescente demanda.

Existo, logo penso no eterno drama dos excluídos, exilados, discriminados, perseguidos e abandonados de toda natureza.

Existo, logo penso na miséria e desamparo que predomina em quase todos os cantos do mundo, ao mesmo tempo em que bilhões são roubados, desviados, sonegados por governantes inescrupulosos e desonestos. 

Existo, logo penso nos injustiçados pelas capciosas leis dos homens, invariavelmente norteadas pelo famigerado princípio de dois pesos e duas medidas.
Existo, logo penso nos doentes, nos inválidos, e deficientes físicos, em sua luta desigual e titânica pelos direitos mais elementares.

Existo, logo penso nos genocídios ignominiosos, nos povos expulsos à força de suas terras, sem direito a nada, relegados à própria sorte.
Existo, logo penso nas crianças que nascem e crescem em meio a lares destroçados, ao martírio das bombas, execuções sumárias e à rotina de imolações promovidos por ditadores sanguinários e assassinos da pior espécie, que distorcem os cânones religiosos para justificar seus dantescos propósitos.

Existo, logo penso na destruição sistemática e inexorável imposta ao planeta, por insensibilidade, ignorância, e principalmente, ganância e descaso com as evidentes alterações climáticas, evidente no colapso de eco-sistemas vitais da natureza. 

Existo, logo penso no futuro desse mundo em que o belo e o insano se confundem e convivem aos trancos e barrancos.

Existo, logo penso que não obstante o dom da inteligência, a humanidade continua ignorando os prenúncios e avisos de estar cavando seu próprio fim. 

Penso, logo existo. Mas de entender tanta insânia, desisto. 



          






               imanência
                   



Nada é o que parece. 
Nada em que se possa confiar. 
Nada é duradouro. 
Nada que não possa mudar 
num piscar de olhos.

Nada é o que aparenta.
Relações, sentimentos, compromissos,
laços de amor e amizade.
Nada que qualquer deslize ou o próprio tempo,
não acabem por macular, ou destruir.

Ninguém é o que pensamos ser. 
Muito menos o que idealizamos.
Na vida, como nos relacionamentos, não há 
porto seguro, 
salvo- conduto, bilhete de loteria premiado.
Ninguém está livre de deslizes. Infortúnios. 
Os quais, quando não são os outros, você 
mesmo se inflige.
E que são os piores. 

Nada é como imaginamos.
A vida vivida sempre é diferente da sonhada.
Quando parece pouco, geralmente é muito.
Quando parece muito, geralmente é pouco.
Tudo o que se faz presente demora.
Fiel à imanência dos desastres.


















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