quinta-feira, 4 de maio de 2017



                          

               DA BOCA PARA FORA



À luz dos fatos, da esbórnia reinante, salta à vista
a desimportância de tudo que é importante.
A irrelevância de tudo que é relevante. 
O valor do que é desvalorizado, depreciado. 
Que vem a ser os valores outrora vigentes e considerados.

Cabe não relevar a motivação dos covardes, dos omissos.
O apelo da sinecura, das rebordosas, mesmo as mais
pusilânimes e recalcitrantes.
E subentender que o arrebatamento, o pecado sem arrependimento,
sem comedimento,
vem a reboque do status quo 
que privilegia o ignominioso, o reprovável, o condenável.

Em face do quê, não serei eu a exaltar o amor, a virtude, 
o politicamente correto.
Hoje não. Ao menos no papel 
também quero ter o direito de fraquejar,
compactuar com o vício e as fraquezas, 
de despautérios e vexames. 
Igualado e igualmente humano,
louvar as derrotas, os derrotados. 
Me ombrear aos fracos e oprimidos, 
aos embusteiros e caloteiros, que malgrado as transgressões, dormem o sono dos justos.
Não, hoje não serei a palmatória do mundo, 
o dedo em riste,
muito menos o dono da verdade. 
Concedo-me o direito de ser fraco, 
falso, hipócrita. De trapacear. 
De dar o troco na mesma moeda.
Ser como todo mundo.   
Com a consciência tranquila da boca para fora 




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