segunda-feira, 9 de maio de 2022



                              

                 superação



         


Descobrir forças onde não há. 

Sem que reste qualquer esperanças.

Sem conseguir de novo confiar.

Sem qualquer ilusão, nenhum alento,

descrente de tudo.

E sem nem saber por quê e como, 

soerguer-se no extremo da condição humana. 

E amar o perdido. 








sábado, 7 de maio de 2022




                  por alguns breves momentos





Sim, o mundo pode ser perfeito

Por alguns breves momentos, o mundo pode ser perfeito.

Momentos perfeitos, em que se perde a noção do tempo, 

e tudo mais desaparece. 

Você sabe.

Você sabe.

Puxe pela memória,

vale a pena lembrar.

Ainda que não tenha durado.

Que não faça mais sentido.

O amor conspurcado, corrompido.

Mas que um dia fez o mundo parecer perfeito.

Por alguns breves momentos.






 

terça-feira, 3 de maio de 2022


  Conselhos de um auto-didata (2)







Todas as questões cruciais da vida passam, necessariamente,

por um dilema : saber ou não saber ?

Embora a busca pela verdade, por conhecimento, seja inerente

ao ser humano, nem sempre tal saber se reverte em benefícios.

Mormente no que tange aos relacionamentos,

ao comportamento, ao que as pessoas pensam.

Ignorar, fechar os olhos às vezes é o mais sensato à fazer

diante da caixa-preta de nossos segredos.


Não há relação que resista ao escrutínio constante, permanente,

posto que todos cometemos erros, fraquejamos.

Falhas que na maioria das vezes, há que relevar. Sopesar.  

Superar. 

Porque ninguém é infalível, e aquele que hoje condena, 

amanhã pode se ver na mesma situação.

Por falhas ainda mais graves.

Vai daí que entre saber ou não saber, é preciso não se

deixar enganar por um pseudo-saber.

Que se transforme num grande tiro no pé. 

De consequências funestas.

Shakespeare que me perdoe, mas mais do que ser ou não ser,

é saber ou não saber 

o grande dilema existencial. 






  









 

segunda-feira, 2 de maio de 2022

 


                 conselhos de um autodidata (1)



Quanto mais gente nos cerca, mais solitários estamos. 

Quem tem muitos amigos, não tem nenhum.

Não se iluda, a vida é uma luta solitária, aprenda a não contar

com ninguém.   Nem no amor, muito menos no amor, 

os afetos nos deixam vulneráveis,

quanto mais confiamos, mais nos expomos.

O grande segredo da convivência é não criar expectativas,

aprenda a fingir, sim, aprenda a fingir, que é o que a maioria faz,

não se iluda.

E não há nada de errado nisso, em se tratando da regra de ouro 

da inteligência emocional.

Poderia dar mil exemplos das vantagens de fingir, 

fingindo ser agradável, bem educado, paciente, compreensivo. 

Qual a vantagem de bater de frente, discutir, esbravejar, 

mesmo tendo razão, ninguém gosta de dar o braço a torcer, 

e no fim ainda vão falar mal de você.

Em suma, finja ser uma boa pessoa, quem sabe acabará sendo...



 






 

(Há quatro anos atrás, de uma certa agenda, de um certo alguém que um dia foi o grande amor de minha vida).



domingo, 1 de maio de 2022




                  contrapartidas





Todo mundo quer atenção.

Se não de gente,

pode ser de um cão.

Ou de um gato.

De resto, mais confiáveis

e de fino trato.


Todo mundo quer um amor.

De primeira ou segunda mão.

Nem todos, porém, estão dispostos

a fazer concessões.

Tiram o time logo nas primeiras

discussões.


Todo mundo se acha merecedor

de carinho, consideração.

O problema é que afeto, respeito,

são vias de duas mãos.

E a gente teima de entrar sempre na contramão. 


Todo mundo se acha melhor do que é.

Julga estar sempre com a razão.

O problema é sempre os outros.

Não atinam que para os outros,

nós somos os outros.











 







                  nova velha pele





Diante de uma realidade que já é outra realidade,

me sinto como uma serpente que se livrou da velha pele,

despojado da herança grotesca do amor maculado,

da qual a própria vida encarregou-se de mostrar a saída.


Te reconheci, afinal, chafurdando num fundo de lama 

inimaginável.

De onde não poderei resgatar nada que amenize o fato de ter

sido tão reles.

Como evitar essa repulsa funesta a que a verdade emergente

me obriga ?

Logo tu, que encheste meus dias de alegrias, 

não tinhas o direito de violar o elo sagrado 

que nos unia.


Fraquejamos, sim, ambos, mas para tudo 

há um limite.

Quisera não saber o quanto fostes fútil e perversa.

Minha nova pele já nasceu velha.












   

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