sexta-feira, 17 de março de 2017

                               


                       ESTRANHO NO NINHO


                          

Como saber se o amor acabou, que a coisa desandou, 
a festa acabou ?
Se de repente ou aos poucos ?
Em meio a desaforos ou silêncios ensurdecedores ?
Ora, que diferença faz ? 
Quando acaba, acabou.

Pode acabar de cansaço, do tédio que consome 
as relações.
Pode acabar de inanição, asfixia.
Pode ter acabado há tempo e a ficha não caiu,
até que a indiferença e o desprezo sejam permanente.
Ainda agorinha, você chegou tão fria e distante
que não se deu ao trabalho nem de me cumprimentar.
De me olhar.
Me senti um lixo.
Um estranho no ninho, dentro do meu próprio lar.
Como pode tudo acabar assim ?
Tantos anos, tantas coisas de repente virarem pó.
Cinzas que já não dá para varrer para debaixo do tapete.
Como pode esse menoscabo ?
Esse "até logo, vá pela sombra" que fica subentendido 
quando dás de ombro
para minhas perguntas e demandas.
O teu ar fastio diante do meu pequeno melodrama
que sempre surtiu efeito.
Mas para o qual agora não estás nem aí.

Descaso que já não te preocupas em disfarçar,
bem como o próprio desdém diante de minhas razões 
argumentos,
num claro indício de que já me fiz tardar.
De que já não há nada a fazer para remediar.
A não ser cortar as amarras e partir 
Em busca de outros bares, digo, ares.









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