o fiel da balança
e que há muito mais à agradecer do que pedir.
No outro vê que não é nada disso, que tudo é ilusório,
e que a vida é a merda de sempre.
Num dia a gente se sente animado e esperançoso,
feliz como pinto no lixo com as migalhas que
a vida proporciona.
No outro você cai na real e vê que tudo é frágil e precário,
e que o fiel da balança tem uma mórbida propensão
ao malogro.
Num dia a gente se sente alegre e em paz,
com a alma leve diante do brilho radiante do sol,
do sorriso inocente de uma criança.
No outro, as rotineiras decepções e sacanagens
botam as coisas em seus devidos lugares.
Num dia a gente se sente forte e abençoado
por ter pelo que lutar,
um amor verdadeiro, filhos queridos, o ganha-pão que dá
para o sustento.
No outro, o castelo de cartas desmorona, e as armadilhas
do cotidiano escancaram a face dolorosa das relações
dilapidadas pelo tempo.
Num dia a sensação de que, apesar de tudo,
os sacrifícios valeram a pena,
que o mais importante é a consciência tranquila,
por ter feito o que julgava justo e correto.
No outro, a amarga constatação de que nada satisfaz
as expectativas e exigências de pessoas
que só te dão valor pelo que podes proporcionar.
SET. DE 2002
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