domingo, 12 de março de 2017


                                     
   o fiel da balança





Num dia a gente pensa que é feliz, que está tudo bem,

e que há muito mais à agradecer do que pedir.
No outro vê que não é nada disso, que tudo é ilusório,
e que a vida é a merda de sempre.

Num dia a gente se sente animado e esperançoso,
feliz como pinto no lixo com as migalhas que 
a vida proporciona.
No outro você cai na real e vê que tudo é frágil e precário,
e que o fiel da balança tem uma mórbida propensão
ao malogro.

Num dia a gente se sente alegre e em paz,
com a alma leve diante do brilho radiante do sol,
do sorriso inocente de uma criança.
No outro, as rotineiras decepções e sacanagens 
botam as coisas em seus devidos lugares.

Num dia a gente se sente forte e abençoado
por ter pelo que lutar,
um amor verdadeiro, filhos queridos, o ganha-pão que dá
para o sustento.
No outro, o castelo de cartas desmorona, e as armadilhas 
do cotidiano escancaram a face dolorosa das relações 
dilapidadas pelo tempo.

Num dia a sensação de que, apesar de tudo, 
os sacrifícios valeram a pena,
que o mais importante é a consciência tranquila,
por ter feito o que julgava justo e correto.
No outro, a amarga constatação de que nada satisfaz
as expectativas e exigências de pessoas 
que só te dão valor pelo que podes proporcionar.










SET. DE 2002 

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