CAVALO DE TROIA
Nenhuma muralha é intransponível.
Nenhuma fortaleza, inexpugnável.
Ninguém é de ferro. Nem de vidro.
À toda prova.
Nenhum dia é igual ao outro.
Mesmo fazendo sempre as mesmas coisas.
Alguém está sempre partindo.
Alguma coisa está sempre se partindo.
Cuidado com os estilhaços...
Cuidado onde pisa. Em quem pisa.
Ninguém é uma ilha. Nem uma fortaleza.
Quando muito, uma trincheira.
Um alvo fácil. Um inocente útil. Descartável.
Ninguém é insubstituível.
Sequer inesquecível.
Pois a fila anda, como se sabe.
Nada resiste ao tempo. Nem os sentimentos,
de primeira ou segunda mão.
Tudo morre e se renova. E vice-versa.
Ninguém é uma rocha.
Nada é para sempre.
Toda muralha tem seu dia de cavalo de Troia.
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