quinta-feira, 20 de abril de 2017


                                 REQUIESCAT IN PACE








Estou afastado há um bom tempo das lides jornalísticas, mas não é preciso estar na ativa para perceber que a mentalidade reinante da turma não acompanhou a vertiginosa expansão dos meios de comunicação. Que os mesmos vícios e práticas se mantém incólumes e de certa forma, até mais cavilosos que antigamente. Seja no sentido do trabalho sujo propriamente dito, à arrogância e o falso moralismo que emanam de suas manifestações, notadamente as de cunho político em defesa do infame regime petista.
Não é nenhum segredo no meio a cooptação de certa ala de nossa imprensa pelo governo petista, mediante patrocínios e subvenções agora devidamente detalhados nas delações premiadas dos mantenedores do escabroso esquema de corrupção que irrigou as contas do partido e de seus aliados em geral. Sem falar no bloco dos sabujos eventualmente desgarrados da matilha, mas que mesmo desalojados do mercado de trabalho em função da militância espúria, continuam a uivar como se alguém fora da abduzida horda esquerdopata, ainda os velassem a sério.  
Os tempos são outros, é claro, o mercado de trabalho encolheu e o jornalismo tradicional parece de fato com os dias contados. Caminhando a passos largos para o modelo digital, mais especificamente, para publicações e blogs de cunho pessoal. O que não deixa de ser positivo na medida em que não só democratiza como abre um quase ilimitado leque de opções ao leitor. Basta lembrar que os principais nomes de nosso jornalismo estão disponíveis à toque de caixa hoje em dia na internet, com a vantagem de se saber de antemão o viés de cada um.
Digo vantagem porque penso ser melhor assim às claras do que ficar escondendo o jogo, como alguns ainda fazem, na vã tentativa de aparentar isenção e equidistância em linhas editorias claramente pautadas - ao menos no que tange à grande imprensa - pelos velhos e manjados interesses patronais e mercantilistas. Nesse aspecto, ninguém mais engana ninguém, pois mesmo as camadas mais humildes da população não se deixam mais sugestionar pelo histérico bate bumbo midiático. 
Para o bem e para o mal. Para o contra e o à favor. Pois se há algo definitivamente comprovado nesse capítulo negro de nossa história, é que para certa parcela da população nem toda roubalheira explícita promovida sob a égide do lulo-petismo é capaz de fazer o seu eleitorado cativo mudar de opinião. "Ele pode ter roubado, mas fez muito pelos pobres, enquanto os outros roubam do mesmo jeito e não fazem nada pela gente", ouvi ainda outro dia de uma senhorinha de sotaque nordestino, numa fila de supermercado, intrometendo-se na conversa de outros que praguejavam contra Lula, Dilma e cia.
Mas voltando ao tema inicial, todos sabem que a grande imprensa representa os interesses das elites e do capitalismo, assim como há uma certa ala alternativa adepta da arcaica e anacrônica cartilha socialista, desmoralizada aqui como alhures pelos mesmos motivos : demagogia barata e corrupção feroz. Que o diga o que moribundo regime chavista fez com a Venezuela. Daí a perda gradativa do antigo protagonismo e a consequente descrença em torno da imprensa formal, cujo papel vai senso tomado pelo ativismo das redes sociais.
Um panorama talvez só reversível - os nostálgicos que me perdoem - mediante a adesão às mídias digitais, em detrimento do jornalismo impresso, por sinal, já em claro estágio terminal. Requiescat in pace, pois.

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