segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O EXEMPLO DE QUÍRON 
      



                                 
Coração exaurido, empedernido,
quixotescamente destemido,
tendo se tornado com o tempo mais ponderado 
e maduro, 
pensei fazer-lhe um favor ao deixá-lo em paz.  
Mas eis que, ao contrário,
como um cavalo alado, centauro desgarrado,
ao invés de aquietar-se,
engendra quimeras e fantasias
como os sonhos de um doente.

Assim como o corpo cansado 
padece com os fardos da vida,
a alma também se verga diante do peso
das aspirações e paixões 
que já não consegue carregar.
Todos os dias nos conduzem a morte.
O último passo ao cadafalso
é apenas questão de tempo.
Há os que, de pavor, antecipam a mão do carrasco
e morrem aos poucos quando abdicam de viver.
Outros tratam de tirar proveito enquanto podem,
sem preocupações demasiadas,
cientes de que cada dia é igual a outro qualquer,
até deixar de ser.

O mesmo sol, a mesma lua, as mesmas estrelas
que nos contemplam desde os primórdios,
é que permanecem,
independentemente do que fomos,
do que fizemos.
Coisas boas ou más 
Tudo perece e renasce. Parte e se refaz.
O sentido da vida não está na extensão,
mas em sua essência.
De nada vale viver muito e nada fazer.
Mirem-se no exemplo de Quíron,
que recusou a imortalidade 
em troca de um legado nobre.


e uma morte tranquila. 






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