ESFINGE
A falta de viver paira-me como um amontoado
de livros não lidos.
A falta de interesses distrai-me o caleidoscópio
de sensações não vividas.
A falta de vontade traduz o estio que me habita,
como se a alma dormisse.
A falta de querer, imerso em mim próprio,
basto-me.
A falta de saber confunde-me como um espelho quebrado.
A falta de luta, conquistas, feitos épicos, condena-me a mediocridade.
A falta de viver entorpece-me a alma.
É como se me faltasse a indignação dos fortes,
A temperança dos nobres.
A resiliência dos grandes.
Tornei-me uma esfinge perante as coisas
que me faltam e oprimem.
A revel das interações confusas, colho fracassos
feitos de cansaços e falsas renúncias.
É como se me faltasse a indignação dos fortes,
A temperança dos nobres.
A resiliência dos grandes.
Tornei-me uma esfinge perante as coisas
que me faltam e oprimem.
A revel das interações confusas, colho fracassos
feitos de cansaços e falsas renúncias.
Nos quais me protejo do peso de coexistir
com os outros.
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