segunda-feira, 23 de abril de 2018


          

              O AMOR CANSA


Não faço juízo doutos de nada.
Não teço louvores à ninguém.
Não estou suficientemente habilitado.
E ninguém é confiável.

Há segredos e dissimulações em tudo
Em tudo há enganos, perfídias.
Não nos enganemos : tudo na vida é farsa.

Somos todos farsantes.
Uns mais, outros menos.
Uns mais talentosos, outros enrustidos, rústicos.
Os charlatões estão no comando. 

Bom conceito de mim não faço,
Posto que nem mesmo me conheço.
E se não me conheço, 
como poderia pretender que me conheçam ?
Que pensem bem a meu respeito ?
Como posso ser estimado, amado,
se vivo insatisfeito comigo mesmo ?
Se nem de mim sou dono ?
Algoz de mim mesmo em palavras e atitudes. 

Não, não inquiro do destino o curso áspero e duro 
da estrada percorrida.
Abster-me de perscrutar o desconhecido,
afastar o cálice dos temores futuros,
não fazer a vida pior do que é hoje,
é tudo que me resta. 
Cumprir alto, ser digno, como diria o ilustre poeta.

Negue-me tudo a sorte, menos a razão de viver.
Quem fui é alguém consciente de ter sido pouco.
Posto que, quem me julga, 
me condena à revelia de atenuantes.
Entre os quais, que ninguém é perfeito.
E que amar também cansa...







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