quinta-feira, 31 de maio de 2018

                            
                                TEMPO DE DESAMOR 

          




Tudo na vida cansa.
Até o que nos faz bem.
As coisas boas nos entediam.
Enjoamos de tudo
Sem motivos ou razões plausíveis.

Às vezes penso que nosso espírito
Anseia por penar e sofrer.
Mesmo àqueles que melhor lidam 
Com as angústias e dores humanas
No íntimo pesa-lhes a (in)consciência
Da couraça na qual se protegem
E o travo amargo das coisas não alcançadas.


A vida é o que permitimos que ela seja.
Feliz de quem se compraz
Em ter um ofício, um lar,
E colher o fruto de seu trabalho
Sem complicações e dúvidas existenciais.
Livre das mutilações que a vida nos impõe.

Minha alma velha clama por paz de espírito.
Meu grito inútil ecoa como o de um animal ferido.
De antigos devaneios afloram reminiscências compassivas.
De horas vazias em camas vadias,
Substrato da juventude que nenhum remorso tem.

Ah, o que a vida engendra que se possa reter ?
Sem desmerecer-nos, em face de tantos embustes
Que dilaceram a alma com a extraviada visão
De sonhos que punem.
Redimindo a matéria, redimindo os sonhos... 

Esse é um tempo de desamor.
De escassa consciência e eflúvios de almas doentias.
O tempo passado e o tempo futuro 
Convergem para o que poderia ter sido e não foi.
Fui o que sou.
Sou o que restou do que fui.
Extinto o tormento do amor insatisfeito,
O que finda não retorna a antiga forma.
Deposto na letargia de um mundo 
amoroso e patético.









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