sábado, 3 de novembro de 2018


                 ANACRONISMO AMBULANTE








Moça dos olhos claros (castanho-esverdeados ?),
Sorriso largo,
Uma potranca, esbanjando alto-astral.
Já chegou, chegando.
Sedutora, envolvente,
Dizendo para eu tomar jeito
Senão me dava uns tapas na cara...
Como não se impressionar,
Ainda mais coincidindo de ter 
O mesmo nome da minha irmãzinha 
Que Deus levou.

Moça dos olhos claros, sorriso largo,
Que entrou na minha vida como um furacão.
Com quem eu, desavisado,
Ainda ferido, machucado, 
Não soube lidar.
Bem que eu quis.
Bem que me esforcei.
Mas, como sempre, me dei mal.
Não tive jogo de cintura, malandragem,
Para entrar no jogo do faz de conta dela.
Que afinal de contas,
É o jogo que se joga hoje em dia.

Um jogo de aparências.
De falsos valores.
Que eu nunca soube jogar.
Nunca fui capaz de aceitar.
Daí a frustação de mais uma vez sentir
Que não vou à lugar algum sendo como sou.
Cheio de razões e valores em franco desuso.
Um cara muito legal, muito bacana,
Mas que na prática, só se ferra.
Pois em nada me ajudam.
Sempre bancando o otário.
Sempre à ver navios.

Moça dos olhos claros, do sorriso contagiante,
Sinto tua falta.
Que tal passar uma régua em tudo ?
Tudo bem, finja, minta, me enrole.
Não faz mal.
Vou dar um jeito de lidar com isso.
Aprendi muito com você,
Mas não o bastante.
Preciso aprender a dissimular,
A enrolar, a manipular as pessoas.
A ser gente.
A gente predominante.
Aderir ao padrão dominante.
Deixar de ser babaca.
Cansei de ser um anacronismo ambulante.
Quem melhor que tu para me ensinar ? 







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