quinta-feira, 15 de novembro de 2018


               
                 às portas do inferno







Imagine uma cena de horror explícito. De rivalizar com qualquer coisa do gênero que o cinema tenha produzido. Pois é. E não se trata de nada isolado, raro, casos semelhantes vem se tornando rotineiros em várias partes do mundo. Notadamente naquelas de pobreza e baixa escolaridade.
O que me refiro aconteceu recentemente num lugarejo mexicano com cerca de 15 mil habitantes, mas cuja pobreza, como sói acontecer, não impede a maioria de possuir o indefectível celular ou smarthphone. É assim na Índia, na Guatemala, na Libéria, em Madagascar, enfim, são raros os cantos da terra que a onipresente internet não alcance. Com seus prós e contras. Aparentemente mais contras do que prós.
Como nesse dantesco episódio no conturbado solo mexicano, em que um tio e seu sobrinho foram visitar parentes, e ao se dirigirem a pé pela rua principal do local, começaram a ser hostilizados pelas pessoas.  Do nada. Assustados, entraram numa farmácia, enquanto na rua o aglomerado aumentava, com alguns mais exaltados gritando que se tratava de dois sequestrados de crianças, integrantes de uma quadrilha de traficantes de orgãos, uma modalidade de crime bastante comum no México. O alerta havia sido dado por alguém via watts ap, e compartilhado instantaneamente entre a população. 

Uma viatura da polícia surgiu para levar os dois forasteiros à delegacia para averiguações, o que no entanto não acalmou a turba, que cercou e ateou fogo ao local, obrigando os policiais e os detidos a saírem. Foi quando consumou-se o horror dos horrores, com os dois sendo espancados e depois queimados, provavelmente já mortos, pela multidão transtornada,  barbárie filmada por muitos e que rapidamente se espalhou pelo mundo afora.

Os corpos dos dois infelizes ainda fumegavam na praça quando já começavam a circular desmentidos sobre a tal denúncia, confirmada com a chegada de parentes das vítimas, incrédulos e desesperados com aquele cenário dantesco. Originado, soube-se depois, pelas postagens de um único indivíduo, cujo tom raivoso e candente contagiou praticamente toda a população do vilarejo. Que nunca mais será o mesmo.

Como o mundo nunca mais será o mesmo, com os instintos malignos da humanidade catapultados pela satânica Internet. Ou há alguma dúvida de que as portas do inferno nunca estiveram tão escancaradas ? 




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