domingo, 6 de janeiro de 2019


                o exílio e o asilo




ah, que prazer
deitar na relva verdinha
contemplar a imensidão do céu azul
o formato singular das nuvens
figuras, presságios
aqui um anjo
ali um tridente
acolá uma mão espalmada
signos tão familiares a minha vida
em que tudo parece fazer sentido
ou sentido algum
na medida que cabe a cada um
e a mais ninguém
dar-lhes sentido.

sinto a mão do tempo
esmagar o summus inorgânico e fétido
que restou de mim
que para nada mais serve
a ninguém serve
a não ser, cumprir as obrigações de praxe.

que ninguém se iluda,
tudo se resume ao dinheiro.
virtudes, princípios, convicções,
tudo tem seu preço.
tudo à venda.
na fartura, és um príncipe, a melhor
das criaturas;
na penúria, na velhice, um estorvo
que ninguém respeita.
que entre o exílio e o asilo transita.







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