sábado, 30 de março de 2019
a exaustão do amor
Gozo sem gemido.
Riso contido.
Carinhos sonegados.
Aconchego, nem pensar.
Tampouco atenção, interesse,
tudo aos poucos suprimido.
O amor assim resumido,
nem sombra do que foi outrora.
Inútil procurar explicações.
Tentar entender.
Simplesmente acaba, como tudo acaba.
Em indiferença, mágoa, ódio,
se transforma.
Por que será que as pessoas que mais amamos,
mais nos doamos,
são as que mais nos machucam e magoam ?
As que mais nos cobram ?
As que mais nos odeiam ?
É um erro crasso
supor que o verdadeiro amor tudo perdoa,
tudo supera.
Não supera, não perdoa,
quando muito releva.
Mas não esquece, enfraquece,
vai desmilinguido.
Até acabar na vala comum dos desamores.
Sexo sem beijo.
Falta de assunto.
Desinteresse.
A ausência das pequenas gentilezas.
Sinais sutis de exaustão do amor.
Daí às ofensas e agressões, não falta muito.
A grandeza do amor está, também,
em saber a hora de sair de cena.
Perder os anéis, para salvar os dedos.
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